"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

1 de jan. de 2009

A Vida Vencedora

A Vida VencedoraCapítulos 1 e 2

Tradução do original, ''The Winning Life - An Introduction to Buddhist Practice'', publicado pela SGI-USA, 1998.
Tradução: Margó e Frank Colón e André Trindade. - Digitação para o Internet: Frank Colón


Cada um de nós possui o potencial para uma vida vencedora. A habilidade de viver com coragem está dentro de nós, como tambéém, de ter relacionamentos plenos, de gozar de boa saúde de prosperar, de sentir e demonstrar verdadeira compaixão pelos outros, e poder encarar e vencer os mais difíceis problemas.
Viver uma vida vencedora, é crucial, é passar por uma transformação interna profunda, que nos permitirá trazer à tona nossas mais altas qualidades humanas e mudar nossas circunstâncias. Este processo é uma revolução do nosso próprio caráter, é uma revolução humana individual.
Considere o seguinte cenário:
De repente você se sente desvalorizado no seu trabalho. Talvez seu patrão seja brigão ou ignore você. Após um certo tempo, você será uma pessoa pesada. Apesar de você ser um mestre em esconder a negatividade, uma vez ou outra ela mostra sua face. De repente seu patrão ou seus companheiros de trabalho, observam que você não está inteiramente comprometido com o sucesso do seu trabalho, ou que você tem uma atitude inapropriada. É claro que há milhares de razões para sua atitude e todas elas ''válidas''. Quaisquer que sejam as razões, você perde oportunidades de melhorar sua qualidade de vida por causa de relacionamento pobre. Atualmente, êste é um cenário muito comum no ambiente de trabalho.
Supõe-se que você mude de atitude e vá para o trabalho como uma nova pessoa, equilibrado, auxiliando com um profundo senso de vitalidade, seguro de si, e com compaixão, tudo isto, baseado em séria auto-reflexão. Sua compaixão, fará com que você entenda seu chefe. Você começará a tratar seu chefe de maneira diferente, cheio de compreensão, oferecendo suporte e mostrando que cada vez menos, se desencoraja por qualquer negatividade que êle ou ela possa demonstrar por sua pessoa. Seu chefe vai te ver através de uma nova luz. E oportunidades surgem.
Obviamente, êste é um exemplo muito simples e muitos de nós diriam que é natural fazer assim, mas, para viver assim, é necessário uma mudança básica, diária, em nosso caráter e nossos corações. Quando a mudança é feita, o efeito é como o dominó infinito, nós podemos ter um impacto contínuo nas pessoas à nossa volta.
A prática do Budismo ensinado por Nichiren Daishonin, é a motivação para experimentarmos a revolução humana. Ela nos dá acesso imediato ao potencial ilimitado existente em nossas vidas, pelo qual nós podemos viver uma vida plena e vitoriosa. A promessa do budismo de Nichiren Daishonin é que podemos viver inabalávelmente felizes, em estado de liberdade, enquanto criamos harmonia entre os outros.
Budismo é um estilo de vida que no nível mais fundamental, não faz distinção entre o indivíduo e o ambiente onde tal pessoa vive. Como um peixe dentro d'água, os dois não são apenas inseparãveis, mas cada um serve de catalisador para o outro. Então para um Budista, a auto melhora e a intensificação de nossas circunstâncias andam lado a lado. Os dois estão taão interligados que é incorreto considera-los como entidades separadas. Tratando-se dos sofrimentos e desilusões dos seres humanos, existe o benefício acompanhado de melhores condições sociais, já que um é a causa do outro - para bem ou mal.
Enquanto a palavra Buda pode evocar imagens de uma pessoa específica da história ou dos caminhos que as religiões do mundo tomaram, ela é também a descrição do mais alto estado de vida que cada um de nós pode atingir. Buda na verdade quer dizer ''o acordado'', e o Buda histórico (conhecido como Sakyamuni ou Siddhartha Gautama) descobriu que todos nós, sêres humanos, temos o potencial da iluminação - ou estado de Buda - nas profundezas de nossas vidas. Podemos comparar este estado, com uma roseira no inverno, ela está adormecida, sem flores, mas sabemos que ela pode e vai florescer .
Desta maneira, ao praticarmos, tocamos em nosso potencial, encontrando ilimitada sabedoria, coragem, esperança, confiança, compaixão, vitalidade e resistência. Ao invés de evitar ou temer nossos problemas, nós aprendemos a confrontá-los com vigor jovial, seguros de nossa habilidade de superar o que seja, que a vida ponha em nosso caminho.
O budismo também nos mostra o caminho mais satisfatório para se conviver com os nossos semelhantes. Também explica, que quando ajudamos aos outros a superar seus problemas, nossas próprias vidas se expandem. Quando nossa capacidade aumenta e nosso caráter é reforçado, a causa de nossos problemas fica sobre nosso controle. Porque fazemos uma mudança interna, nossa relação com nossos problemas também muda, batalhando inúmeras resoluções positivas de maneiras assombrosas e no entanto reais. Assim como nós podemos mudar nossas circunstâncias de vida através do processo de nossa reforma interior, também podemos realizar todos nossos sonhos. O Budismo de Nichiren Daishonin é humanista, e todo ser humano sonha e tem desejos. Enquanto prosseguimos em nossa revolução humana, nós elevamos nosso estado de vida, daí ''magnetizando'' nossas vidas, para atrair tudo que irá aumentar nossa felicidade.
Através da prática budista, nós não apenas realizamos nossos desejos à medida que mudamos, mas a própria busca desses desejos através da nossa prática, é como combustível de foguete, nos impulsionando para a nossa iluminação.
A vida está sempre mudando, de um momento para outro. Na vida, a única constante é a mudança. Nossas mentes estão em um fluxo contínuo, e enquanto em um minuto nós temos a coragem de conquistar o mundo, no minuto seguinte nós somos esmagados até mesmo pelas mais simples ocorrências. Mas através de nossa prática diária firme, nós continuamente fortalecemos nossa resolução e habilidade de viver uma vida vencedora.
No entanto, vencer na vida, não é ausência de problemas. Quase que por definição, ser humano, significa que constantemente iremos nos deparar com desafios. Verdadeira felicidade ou vitória na vida é ter as ferramentas para vencer cada um e todos os obstáculos e sobrepuja-los, e neste processo se tornando cada vez mais forte e sábio. Dentro de cada ser humano há um depósito com todas as características necessárias para derrubar quaisquer problemas que nos confrontem. A prática do budismo é o que nos permite acessar esse depósito e desencadear nosso poder inerente de enfrentar todos os desafios da vida e vencê-los.
A Prática
Existem três fatores básicos ao se aplicar o Budismo : fé, prática e estudo. Eles são os ingredientes primários na receita para desenvolver nossa condição inerente de iluminação, ou estado de Buda. Todos três são essenciais. Com esta receita, nós experimentaremos a prova concreta da nossa transformação em ambas as formas de benefício conspicuoso e inconspicuoso. A receita é universal. Esta base é a mesma em qualquer lugar do mundo onde o Budismo é praticado.
Fé - Tradicionalmente, as religiões tem pedido aos seus crentes para ter fé em seus princípios antes de aceitar a religião, sem nenhuma prova das asserções de tal religião. Mas como nós podemos ter fé em algo que não tivemos experiência? A não ser que a religião possa prover benefícios para a vida diária dos crentes e ajudá-los a superar suas batalhas, eles não podem se tornar felizes nessa prática. Hoje, em muitas religiões falta a habilidade de realmente tornar as pessoas capazes de mudar.
No Budismo, fé é baseada na experiência. O Budismo de Nichiren Daishonin enfatiza a obtenção de provas concretas do poder dos ensinamentos. Fé começa como uma expectativa ou esperança de que alguma coisa irá acontecer. No começo da nossa jornada, se nós estivermos dispostos a tentar a prática e antecipar algum resultado, nós então iremos desen-volver nossa fé tijolo por tijolo como exemplos de provas concretas obtidas.
Prática - Para se desenvolver fé, é preciso que se tome ação. Nós reforçamos nossa sabedoria e força vital atualizando nosso estado de Buda todos os dias de uma forma bem concreta. A prática no budismo de Nichiren Daishonin consiste em duas partes: prática para nós mesmos e prática para os outros. Prática para nós mesmos é primeiramente entoar o Nam-myoho-rengue-kyo. Todo dia pela manhã e a tarde, os praticantes participam de um ritual que, junto com a entonação do Nam-myoho-rengue-kyo, inclui a recitação de dois importantes capítulos do Sutra de Lotus - capítulos que explicam que cada indivíduo possui o potencial para a iluminação e que a vida em si é eterna. Este ritual tem sido tradicionalmente chamado de gongyo ( literalmente, ''prática assídua''). Prática para os outros consiste em introduzilos aos ensinamentos de Nichiren Daishonin. É ação baseada em compaixão, para ajudar os outros a ter os meios de fazer melhorias fundamentais em suas vidas, similares aos que nós estamos passando. O desenvolvimento da nossa compaixão através de tal prática para os outros é algo que também se torna um benefício direto para nós.
Estudo - Para ganhar confiança nesta prática, e para entender porquê seus esforços irão trazer resultados, é essencial que se estude os princípios do Budismo. A base desse estudo vem do fundador, Nichiren Daishonin. Mais de 700 anos atrás, êle instruiu seus seguidores no modo correto de praticar; e suas escrituras, que foram preservadas e traduzidas para o inglês, nos dá um insight valioso em como essa prática irá nos beneficiar hoje.
A Soka Gakkai Internacional ( SGI ) foi formada para suportar os praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin e para ajudá-los a ensinar a outros numa escala global. Hoje, existem entre 12 milhões de membros em 128 países, e a sede Americana é chamada de SGI-USA.
A SGI tem preparado inúmeros materiais de estudo que explicam mais profundamente a teoria do Budismo, assim como aplicações práticas através das experiências de outros membros. Existem também traduções em inglês dos ensinamentos originais do Budismo, como o Sutra de Lotus. Por ajudar a construir entendimento e confiança, o material de estudo produz encorajamento para todos nós - especialmente em momentos cruciais.
A parte fundamental desta prática é o Nam-myoho-rengue-kyo. Este é o nome da Lei Mística que governa a vida eternamente através do universo. Nichiren Daishonin revelou esta lei como o princípio contido dentro do mais alto ensinamento do Budismo que é o Sutra de Lotus. Toda vida é uma expressão ou manifestação desta Lei. Logo quando entoamos esta Lei Mística, nós afinamos nossas vidas com o perfeito ritmo do universo. O resultado é força vital, conhecimento, compaixão e boa fortuna, além de nos fortalecer para enfrentar todos os desafios à nossa frente.
A tradução de Nam-myoho-rengue-kyo se segue :
NAM - Devoção. Devotando nossas vidas a esta lei através de nossa fé, prática e estudo nós iremos despertar a condição de vida do Buda, ou nos iluminar, no mais profundo do nosso ser.
MYOHO - Lei Mística. Assim como Daishonin explicou em uma de suas escrituras : ''Então o que significa myo? É simplesmente a natureza misteriosa de nossas vidas, de um momento para outro, o qual a mente não pode compreender e não há palavras para se expressar. Quando você olha para dentro de sua mente em qualquer momento, você não percebe nem cor nem forma para saber que ela existe. No entanto você não pode dizer que não existe, pois diferentes pensamentos continuam passando na sua mente. A vida é realmente uma realidade elusiva que transcende ambos as palavras e os conceitos de existência. Não é existência nem não-existência, no entanto exibe as qualidades de ambos. É a entidade mística do caminho intermediário que é a realidade de todas as coisas. Myo é o nome dado à natureza mística da vida, e ho para suas manifestações.
RENGUE - Literalmente, a ''Flor de Lotus'', que floresce e germina ao mesmo tempo. Isto representa a simultaneidade da causa e efeito. Nós criamos causa através de pensamentos, palavras e ações. Com cada causa feita, um efeito é registrado simultaneamente nas profundezas da vida, e tais efeitos são manifestados quando nós encontramos as circunstâncias ambientais apropriadas. A vida em si é uma série sem fim de causas e efeitos simultâneos. Entoar Nam-myoho-rengue-kyo é a causa mais profunda que podemos realizar com o intuito de produzir o efeito desejado.
KYO - Som ou ensinamento. É assim que o Buda ensinou tradicionalmente através da palavra dita, que é ouvida.
Myoho-rengue-kyo é o título do Lotus Sutra e contém seu significado essencial. Nichiren Daishonin adicionou namu (contraído para nam), que vem do Sânscrito. Nam-myoho-rengue-kyo é a máxima invocação da vida, o qual muitas vezes nos referimos como a linguagem do Buda.
Cada um entoa Nam-myoho- rengue-kyo para o que quizer, não existem pré-requisitos ou regras para o que se deve entoar. Simplesmente tomamos a decisão de entoar Nam-myoho-rengue-kyo e por isto, experimentaremos a energia e sabedoria que tornará nossas vidas completas.
Nos sessenta anos desde que este Budismo foi acessível em larga escala através dos esforços da Soka Gakkai mundial, milhões têm entoado sobre praticamente todos os tipos de problemas e objetivos já concebidos, desde a saúde mais crítica e crises financeiras até aos problemas mais urgentes do sentimento do coração. Ao contrário de muitas religiões ocidentais, quando nós entoamos, nós não estamos rezando para uma divindade externa investida com qualidades humanas como julgamento. Nossas rezas são comunicadas com as profundezas de nosso ser quando nós invocamos o som da Lei Mística.
A Lei universal é imparcial, e nenhuma oração é mais ou menos válida do que outra. O único tópico é que somos capazes de criar valores em nossas vidas e ajudar aos outros a fazer o mesmo. Assim como Daishonin ensina, nós atingimos a iluminação através de uma transformação contínua que toma parte nas profundezas de nosso sêr à medida que procuramos realizar nossos desejos e resolver nossos conflitos.
É importante entender que quando nossas orações são realizadas, atraímos para nós a mais alta condição de vida e a sabedoria para tomar a decisão correta para nós, naquêle momento.
Assim que as pessoas começam a experimentar os benefícios de entoar, êles talvez decidam ter um compromisso maior com sua prática no Budismo tornando-a mais completa. A primeira grande realização após começar a prática é receber o Gohonzon, o objeto de devoção no Budismo de Nichiren Daishonin. Daishonin inscreveu sua iluminação na forma de um mandala chamado Gohonzon, e seus seguidores entoam Nam-myoho-rengue-kyo em frente ao pergaminho com as inscrições do Gohonzon, num santuário em suas casas.
No Gohonzon, Daishonin descreveu graficamente sua iluminação, ou estado de Buda, que é o estado de vida iluminado do universo. O ponto importante aqui é que esse potencial para iluminação existe dentro de cada um de nós. E quando nós fundimos nossa vida com o Gohonzon através do Nam-myoho-rengue-kyo, nós tocamos neste estado de vida iluminado que é nosso próprio estado de Buda.
É por causa disto que Daishonin chama o Gohonzon de espelho de seu próprio eu. É um meio de se ver dentro de si, de começar a mudar o que não gostamos e fortalecer o que gostamos. Nós temos o potencial de diversos estados de vida, que aparecem quando entramos em contato com diversos estímulos externos. Por exemplo, alguém pode ser bem calmo e quieto mas outra pessoa pode dizer algo que acende uma fagulha de temperamento. Este temperamento ou raiva estava inativo dentro de si até ser provocado pelo ambiente. Para trazer à tona nosso mais alto potencial de condição de vida, nosso estado de Buda, nós também precisamos de um estímulo. À medida que desenvolvemos nossa convicção, nós iremos perceber que o Gohonzon é o estímulo externo mais positivo que há, e entoar Nam-myoho-rengue-kyo para êle é a causa interna que irá ativar o estado de Buda latente em nossas vidas.
O pergaminho do Gohonzon é mantido dentro de um altar na casa do praticante, onde êle estará protegido da rotina diária da casa.
Quantas vezes nós devemos entoar? Nosso ritual básico, que inclui entoar Nam-myoho-rengue-kyo, recitando seções do Lotus Sutra, e oferecendo orações silenciosas, é feito diligentemente toda manhã e toda tarde. Entoar Nam-myoho-rengue-kyo, é a prática principal, é como combustível para um motor. Recitar o Sutra é uma prática suplementar, como adicionar óleo àquele motor. Quando os dois estão combinados, é muito mais eficiente, e nós sentimos a confiança de nos desempenharmos na melhor condição.
Também estamos livres de entoar quantas vezes nós desejarmos ou nos sentirmos bem. A maioria dos praticantes irão cantar até êles experimentarem algo tangível, como uma prova. Você é quem sabe quanto tempo... é de acôrdo com as preferências e necessidades de cada indivíduo. No entanto, a realização completa do ritual de manhã e de noite deve se tornar a base de nossa prática diária, uma hora especial em que podemos nos comunicar diretamente com o ritmo do universo.
À medida que sentimos o poder da nossa prática Budista, naturalmente, nós começaremos a compartilhar nossas experiências com os amigos e encorajá-los a praticar também. Compartir com os outros é outra chave para desenvolver nosso potencial interno para iluminação ou estado de Buda. O propósito fundamental da SGI é divulgar o Nam-myoho-rengue-kyo, contribuindo para criação de um mundo pacífico, onde indiscriminada-mente, todas as pessoas possam experimentar a felicidade. Quando decidimos ajudar os outros, ampliamos nossas vidas e experimentamos uma condição de vida muito forte. Esta maneira de viver, baseada na compaixão, é o instrumento que nos ajuda a reforçar nossa própria natureza de Buda. É a interação altruísta com as pessoas em nossas vidas diárias, que nos ajudará a crescer e nos tornarmos iluminados.
Isto não é apenas uma teoria budista - a maioria das pessoas reconhece a satisfação e o crescimento que acompanham seus esforços quando realmente ajudam aos outros. Praticando o Budismo para superar nossos próprios problemas ou circunstâncias, nos trará a compreensão para compartirmos com os demais. Nós podemos entoar para nossas famílias e nossos amigos, nós podemos encorajar os outros a praticar, nós podemos, através de nossa própria transformação encorajar aos outros a descobrir a fonte da nossa grande mudança e recém encontrada liberdade pessoal.



A Vida VencedoraCapítulo 3

O Processo

O estado de Buda não é só um sentimento de felicidade ou uma benção; é uma condição de vida baseada na Lei Mística do universo. Não precisamos saber como esta Lei Mística funciona exatamente, antes de usá-la para nossa própria vantagem. As leis da natureza não precisam que a gente entenda ou acredite para que elas existam. Mesmo sem ver a força da gravidade, podemos acreditar na sua existência. A lei da vida (Lei Mística), postulada pelo Budismo, é muito profunda para ser explicada aqui em tão poucas palavras. Mesmo assim, alguns princípios básicos, podem ser esclarecidos:
A Eternidade da Vida
Algumas religiões ensinam que a vida é uma só e que com a morte, nos vamos permanentemente para um lugar belíssimo (Céu) ou para um lugar horrível de tortura eterna (Inferno). Sob o ponto de vista Budista, a vida é eterna, sem principio nem fim. Nós vivemos muitas vidas, repetindo o ciclo de nascimento e morte. Quando morremos, é como se fôssemos dormir, e quando nascemos, é como despertar, com o corpo fresco, pronto para um novo dia. O Budismo explica que a vida possui um aspecto eterno e imutável. Quando morremos, as funções da vida param, mas a essência de nossas vidas - a nossa identidade eterna com todas as causas contidas nela - continuam de forma invisível. A morte vem sendo o potencial para uma nova vida. Por exemplo, a morte é como uma roseira no inverno, a qual possui no seu interior o potencial para florescer (vida), de acôrdo com as circunstâncias exteriores apropriadas. Tudo que temos feito em nossas vidas até este momento, em sua totalidade é o que somos. Esta é a lei da causa e efeito. Para toda causa, haverá um efeito. Isto é o karma. Nós fazemos inúmeras causas todos os dias, através de nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações, e cada causa inevitavelmente será correspondida por um efeito.
O Budismo afirma, que esta lei da causa e efeito acontece simultaneamente. No momento que a causa é criada, o efeito é registrado. É como plantar uma semente no mais profundo do seu sêr. De fato, a lei é simbolizada pela flor de Lotus, a qual semeia e brota flores ao mesmo tempo. Enquanto o efeito é ativado no momento em que a causa é feita, esta não necessariamente aparecerá instantaneamente. No momento em que as devidas circunstâncias externas aparecerem, o efeito se transformará em realidade. Visto por outro prisma, o nosso karma é como uma poupança, de efeitos latentes os quais se manifestarão quando nossas vidas manifestem as condições ideais. No decorrer de nossas vidas (fazendo causas), os efeitos se acumulam no nosso plano espiritual. Quando morremos, esses efeitos ditam as circunstancias de nosso próximo nascimento. Quando nascemos de novo, ainda teremos que lidar com os efeitos ou o karma das causas que fizermos na vida passada. Isto explica porque as pessoas nascem em condições tão variadas, ou seja, com karmas diferentes.
Este principio sugere que podemos mudar nosso karma ou destino, que pensávamos fosse imutável. Esta é a grande esperança e a grande recompensa oferecida pela prática dêste Budismo. Ainda que, teoricamente, para obter benefícios basta só fazer boas causas, muitas vezes sentimos pouco controle sobre as causas que fazemos. Um exemplo disto seria quando nos aborrecemos e falamos algo muito forte sem querer para um familiar ou uma pessoa querida. Nesses momentos, a condição de ira aparece mais forte que a nossa própria natureza. Mas, quando praticamos o Budismo, estabelecemos o estado de Buda como nossa condição de vida e assim, encaramos as circunstancias diárias cheios de sabedoria e compaixão.
Os Dez Mundos
Uma maneira pela qual o Budismo explica a vida é através do principio chamado ''Os Dez Mundos.'' Isto refere-se aos dez estados ou condições de vida que se manifestam na nossa personalidade espiritual e que então se manifestam através de todos os aspectos de nossas vidas. Cada um de nós possui o potencial para os dez estados, e mudamos de um estado a outro de acôrdo com a variação de estímulos do meio-ambiente. Isto é, a cada momento, um dos dez mundos se manifesta em nossas vidas no entanto os outros nove permanecem latentes. Do mais negativo ao mais positivo, êles são:
Estado de Inferno - Este é o estado de sofrimento e desespêro, no qual achamos que não existe liberdade de ação, é caraterizado pelo impulso para a autodestruição.
Estado de Fome - Aqui impera o desejo de aquisição de poder, dinheiro, status, etc. No entanto, a realização dos desejos faz parte do Budismo. No Estado de Fome, a pessoa fica obcecada sem nunca se sentir satisfeita com nada.
Estado de Animalidade - Neste estado, somos regidos por instinto puro e carecemos da habilidade do raciocínio moral e da habilidade de executar planos a longo prazo. No Estado de Animalidade impera a força bruta, tirando sempre vantagem dos mais fracos ou humildes.
Estado de Ira - A manifestação deste estado é a desconfiança total dos outros. O egoísmo, não aceita a capacidades superiores de nenhuma outra pessoa e se sente ameaçado todo tempo.
Estado de Tranqüilidade - Este é um estado de vida passivo e manso, o qual facilmente se deixa cair nos outros quatro estados inferiores. No entanto a tendência é para um comportamento humano, é um estado muito vulnerável as fortes influências externas.
Estado de Alegría - Este é um estado de muita alegria, proveniente da realização dos desejos, um sentido geral de saúde e energia, ou um sentido de paz interior. O bem estar neste estado pode ser intenso, mas costuma ser passageiro e vulnerável as influências externas.
Os seis estados, do Inferno a Alegria, referem-se aos seis caminhos ou seis mundos inferiores. O que os seis tem em comum, é que a manifestação de cada um (a maneira que aparecem e desaparecem) é governada pelas circunstâncias externas.
Vamos examinar o exemplo de um homem obcecado pelo desejo de encontrar alguém que o ame (Estado de Fome). Quando finalmente encontra essa pessoa, passa a se sentir realizado e feliz (Estado de Alegría). Mas, com o passar do tempo, os rivais aparecem e êle se sente seriamente enciumado (Estado de Ira). Eventualmente, seus ciúmes afastam o ser querido e, arrasado com a perda (Estado de Inferno), acha que a vida não vale mais a pena ser vivida. Desta maneira, muitos de nós passamos a vida mudando de um estado ao outro, entre os seis mundos inferiores, sem nunca realizar, que estamos sendo controlados pelas nossas reações ao nosso meio-ambiente. Toda felicidade ou satisfação obtidas nesses estados, depende totalmente das circunstâncias externas, e portanto, são passageiras e sujeitas a mudanças constantes.
Nestes seis mundos inferiores, baseamos nossa felicidade e toda nossa identidade, nos estímulos externos.
Os próximos dois estados, Aprendizado e Realização, são atingidos quando realizamos que toda experiência obtida nos seis mundos inferiores é impermanente e começamos a procura da verdade absoluta. Estes dois estados, juntos com os próximos dois, Bodhisattva e Buda, compõem o que referimos como os quatro mundos nobres. Ao contrario dos seis mundos inferiores, os quais são meramente reações passivas ao meio-ambiente, estes quatro estados de vida mais elevados se alcançam através do esforço árduo e consciente.
Estado de Erudição - Neste estado, procuramos atingir a verdade da vida através dos ensinos ou da experiência dos outros.
Estado de Realização - Este estado é parecido ao estado de erudição, porém, a procura da verdade é feita através da nossa própria percepção da vida. Juntos, os estados de Erudição e Realização são conhecidos como ''os dois veículos.'' Tendo realizado o inconstante ritmo da vida, as pessoas nestes estados tem conseguido uma certa independência e não mais são prisioneiros das suas próprias reações, como ocorre nos seis mundos inferiores. No entanto, elas tem uma tendência, nos estados de Erudição e Realização, a desdenhar e condenar os outros que estão nos seis estados inferiores, os quais, ainda não atingiram este nível de sabedoria. Para êles, a procura da verdade é também muitas vezes feita num sentido egoísta, e podem chegar a se sentirem satisfeitos com o seu estado atual e não se esforçarem por elevar suas vidas e descobrir o total potencial humano contido nos próximos dois estados.
Estado de Bodhisattva - Os Bodhisattvas são aqueles que aspiram a iluminação espiritual de suas vidas, ao mesmo tempo que se determinam a ajudar ao resto da humanidade atingir o mesmo. Conscientes dos laços que unem todo ser vivente, neste estado, realizamos que toda alegria desfrutada sozinha é incompleta e nos determinamos a aliviar o sofrimento dos demais. Os Bodhisattvas encontram sua maior satisfação no comportamento altruísta.
Os estados de vida desde o Inferno até o Bodhisattva são referidos como ''os nove mundos.'' Este termo é usado muitas vezes em contraste com o décimo mundo, o estado iluminado de Buda.
Estado de Buda - O estado de Buda é um estado dinââmico o qual e difícil de descrever. Podemos descrever-lo como um estado de perfeita liberdade, na qual atingimos a iluminação da verdade fundamental da vida. Este estado é caraterizado pela compaixão infinita e uma sabedoria profunda. Neste estado, podemos resolver o que seja harmoniosamente, mesmo que sob o ponto de vista dos nove mundos aparentam ser contradições irresolúveis.
Um sutra budista descreve os atributos da vida de um Buda como sendo uma identidade verdadeira, a perfeita liberdade das ataduras kármicas pela eternidade, uma vida livre de ilusão, e de felicidade absoluta. O estado de Buda também se expressa fisicamente nas características e causas do Bodhisattva.
A Possessão Mútua dos Dez Mundos
Os dez mundos eram originalmente considerados como lugares específicos onde os seres iriam nascer de acôrdo com o seu karma acumulado. Por exemplo, os sêres humanos nasceriam no mundo de Humanidade, os animais no mundo de Animalidade e os deuses no mundo divino. No budismo de Nitiren Daishonin, os dez mundos são vistos como condições de vida, os quais, todo ser humano é capaz de manifestar. A qualquer momento, um dos dez estados se manifestará, no entanto, os outros nove permaneçem latentes, mas sempre com o potencial de mudança entre um e outro.
Este principio é conhecido como ''A Possessão Mútua dos Dez Mundos'': o conceito de que cada um dos dez mundos contém também todos os dez estados. Por exemplo, uma pessoa manifestando o estado de Inferno pode, no próximo momento, permanecer nesse estado ou manifestar qualquer um dos outros nove estados. O conceito vital deste principio é que todas as pessoas, em qualquer estado de vida que estejam, tem sempre o potencial de manifestar o estado de Buda. E, de igual importância, é o fato de que o estado de Buda também se encontra dentro da realidade dos outros nove mundos, e não em outro lugar aparte.
No decorrer de um dia, passamos por diferentes estados de momento a momento de acôrdo com a nossa reação ao meio-ambiente. A imagem de uma pessoa sofrendo pode despertar em nós o sentimento de compaixão do estado de Bodhisattva, no entanto, a perda de um ser querido pode jogarnos no estado de Inferno. Mas todos nós temos um ou dois estados, os quais tendem a manifestar com mais frequ‡ência de acôrdo com os estímulos externos. Isto vem sendo a condição de vida básica estabelecida por cada indivíduo de acôrdo com suas causas prévias. Algumas pessoas vivem envolvidas pelos três caminhos inferiores, outros variam entre os seis mundos inferiores, no entanto, tem gente unicamente motivada pelo desejo de atingir a verdade dos dois veículos. O propósito do Budismo é elevar a condição de vida básica e eventualmente estabelecer o estado de Buda como o nosso estado fundamental.
Estabelecer o estado de Buda como o nosso estado fundamental não significa que vamos nos livrar dos outros nove mundos. Todos esses estados são aspectos naturais e necessários da vida. Por exemplo, sem haver passado pelo estado de Inferno, não poderíamos sentir verdadeira compaixão pelos outros que estão neste estado. Sem os desejos instintivos dos mundos da Fome e a Animalidade, esqueceríamos de comer, dormir, e de nos reproduzir e assim, a raça humana tivesse deixado de existir. Mesmo estabelecendo o estado de Buda como a nossa condição básica de vida, seguiremos sentindo as alegrias e as penas dos nove mundos. A diferença é que não seremos controlados por essas emoções. Baseado na condição de vida do estado de Buda, os nossos nove mundos estarão em harmonia e funcionarão para beneficiar não só a nós, como também todos a nossa volta.
A Unicidade da Vida e o Meio-Ambiente
O principio da ''Unicidade da Vida e o Meio-Ambiente'' refere-se a relação inseparável do indivíduo com o seu meio-ambiente. A tendência é de considerar o meio-ambiente como algo separado de nós e, do ponto de vista da nossa observação visual, este raciocínio é justificado. Mas, do ponto de vista da realidade absoluta, o indivíduo e seu meio-ambiente são inseparãveis. A vida manifesta-se no ser vivo sujeito e no meio-ambiente objetivo.
A ''vida'' indica um sentido de individualidade sujeito ao efeitos kármicos das causas prévias. O meio-ambiente é o domínio objetivo onde os efeitos kármicos da vida adquirem forma. O meio-ambiente neste sentido não se refere a um lugar único onde se localizam todos os seres viventes. Cada ser vivo tem o seu próprio meio-ambiente excepcional onde manifestam-se os efeitos do seu karma. Os efeitos do karma, para bem ou mal, manifestam-se tanto na vida como no meio-ambiente, já que estes são dois aspectos da entidade fundamentalmente interligados.
Já que a vida e o meio-ambiente são duas caras da mesma moeda, qualquer dos dez mundos que o indivíduo manifeste internamente, será também representado pelo seu meio-ambiente. Por exemplo, a pessoa num estado de Inferno pode achar a sua vida um caos total, no entanto o indivíduo num estado de Animalidade perceberá o mesmo meio-ambiente como uma selva, onde unicamente sobrevivem os mais fortes.
Esta idéia contém ramificações importantes. Primeiro, como antes mencionado, a iluminação não reside em nenhum lugar específico. Onde quer que a gente esteja e em qualquer circunstância, podemos despertar o estado de Buda inerente através da nossa prática budista. Assim transformamos o nosso meio-ambiente na ''Terra de Buda''. Este é um ato de liberdade pelo qual nos liberamos de ser controlados pelas circunstâncias do dia a dia. Por exemplo, se elevarmos nossa condição de vida o suficiente, não seremos abalados por nenhuma adversidade e poderemos com sabedoria, encarar tal situação construtivamente em prol do nosso próprio desenvolvimento.
Sendo assim, acumulamos karma positivo através da prática budista e os efeitos do karma aparecerão em nossas vidas e no nosso meio-ambiente de várias maneiras, tais como, melhor condição financeira, maior respeito dos outros, etc.
A partir deste ponto de vista, o nosso meio-ambiente abarca a total dimensão do espaço. Nossa iluminação não se limita unicamente a nossas vidas, mas influencia nossas famílias, nossas comunidades, nações e, finalmente toda humanidade . O principio da unicidade da vida e o meio-ambiente é um critério que afirma que a nossa prática budista individual criará também uma transformação na sociedade. O Budismo expande a realidade total da vida e ensina o caminho para uma vida vencedora - uma existência mais realizada e satisfatória.


A Vida VencedoraCapítulo 4
Tradução do original, ''The Winning Life - An Introduction to Buddhist Practice'', publicado pela SGI-USA, 1998. Tradução: Margó e Frank Colón e André Trindade. Digitação para o Internet: Frank Colón

As Raízes


O Budismo é uma das mais antigas religiões do mundo. É baseada principalmente na procura da compreensão da vida e como sobrepor seus sofrimentos básicos. O Budismo de Nitiren Daishonin origina dos ensinos de Sakyamuni Buda, o qual viveu a uns 2,500 anos atraz. Conhecido na sua juventude como Siddhartha Gautama, aos 19 anos tornou-se um herdeiro real na India. Sua vida no palácio era totalmente protegida e afastada da vida real da sociedade em geral. Mas quando descobriu como a maioria das pessoas comuns viviam e sofriam além do seu palácio , êle determinou encontrar uma solução para resolver o sofrimento dos seres humanos. Sakyamuni procurou os mestres mais sábios e respeitados do seu tempo e, com o propósito de atingir a verdade fundamental da vida, praticou os exercícios extremos que lhe foram indicados por êles. Após seguir as disciplinas do seus mestres por vários anos e quase morto por causa de jejum extremo, Sakyamuni realizou que essas práticas extremas não eram a solução que êle procurava. Foi aí que êle realizou a sabedoria do ''caminho intermediário'', quer dizer, nem o extremo da austeridade nem a indulgência.
Após aceitar comida de uma moça, Sakyamuni sentou-se embaixo de uma árvore ''Boddhi'', onde entrou num estado de meditação profundo e no qual atingiu a iluminação. Daí, começou a divulgar a sua experiência para todo mundo.
Sua sabedoria inteirada na verdade absoluta da vida, tinha poder ao ensinar e êle oferecia palestras tanto para admiradores como para inimigos.
Visto que a profundeza do entendimento de Sakyamuni era muito além que a dos mestres mais intelectuais e cultos da sua época, êle teve primeiro que preparar os seus ouvintes com parábolas e analogias simples e fáceis para se fazer entender. Desta maneira, êle poderia elevar a consciência e o estado de vida das pessoas, no entanto, segurava a sua meta de ensinar a todos a alcançar o estado de Buda por si próprios e se liberar das algemas dos sofrimentos.
Tendo atingido a iluminação aos 30 anos, Sakyamuni divulgou toda sua sabedoria pelos próximos 40 anos. Foi durante os últimos 8 anos da sua vida que ele passou os ensinos mais profundos, os quais, foram subseqüentemente catalogados como os Sutras de Lotus. Estes sutras são excepcionais porque afirmam que a iluminação é possível para todos, sem consideração de raça, sexo, condição social ou nível de educação. O Budismo, segundo o Sutra de Lotus, é uma poderosa filosofia humanista, em celebração da vida.
Após a morte de Sakyamuni, originaram várias seitas de Budismo através da Asia. Naturalmente que surgiram diversas interpretações, já que ao longo da sua carreira de 50 anos, Shakyamuni utilizou diversas formas de transmitir a sua iluminação, de acôrdo com a capacidade de entendimento das pessoas e as circunstâncias.
O Sutra de Lotus ganhou grande popularidade na Asia Central, espalhando-se pela China, a península Coreana e o Japão. Ao mesmo tempo, existia confusão sobre a natureza verdadeira do Budismo e a superioridade de um sutra sobre outro. Para solucionar o problema, um grande filósofo da China conhecido como T'ien-t'ai desenvolveu um padrão definitivo para julga-los. Este padrão classificava os sutras de acôrdo com a ordem em que o Sakyamuni divulgou-os, a essência da doutrina ensinada em cada sutra é o método da sua divulgação. Classificando os sutras desta maneira, o T'ien-t'ai esclareceu o fato dos outros sutras terem sido apenas uma preparação para o Sutra de Lotus.
Mas, foi o Nitiren Daishonin no Japão quem transformou a teoria profunda numa prática simples, acessível para o povo em geral, que permitisse as pessoas normais revelarem o seu estado de vida mais elevado durante a sua vida cotidiana.
O Daishonin compreendeu que o seu propósito na vida era revelar esta verdade absoluta para o povo da sua época e por toda a eternidade. Daí que Sakyamuni e T'ien-t'ai prepararam o caminho no passado para o Budismo de Nitiren Daishonin da era presente.
Nitiren Daishonin viveu do ano 1222 até o1282, durante uma época tumultuada, de catástrofes naturais e mudanças sociais. Filho de um pescador, recolheu-se a religião desde jovem e após um período intenso de estudos realizou que a doutrina do Sutra de Lotus constituía o fundamento de todos os ensinos budistas.
Ao entoar o Nam-myoho-renge-kyo no dia 28 de Abril de 1253, Nitiren expandiu a filosofia teórica para se tornar uma prática acessível. Pouco tempo após, inscreveu o Gohonzon (a representação física da Lei Mística e o objeto de devoção para toda a humanidade).
A partir do dia em que primeiro entoou o Nam-myoho-renge-kyo, Nitiren dedicou sua vida a compartir sua iluminação com todos, mesmo sofrendo perseguição por ser considerado um subversivo religioso. Ao declarar que a prática deste Budismo tinha o poder de permitir todas as pessoas atingir o estado de iluminação, êle incomodou o governo e os reverendos de outras seitas de Budismo. Mesmo assim, êle foi acumulando mais e mais seguidores de todos os níveis sociais.
Com a morte de Nitiren Daishonin, o fiel discípulo Nikko manteve o espirito verdadeiro do Budismo. Através dos próximos seis séculos, o Budismo de Nitiren foi mantido vivo por um grupo religioso relativamente pequeno, até o principio do século vinte.
O professor Japonês, Tsunesaburo Makiguti (1871-1944), dedicou-se a reforma do sistema educativo no Japão, o qual dava ênfases a uma aprendizagem decorada em vez do pensamento crítico independente. Ele se esforçou para desenvolver diferentes métodos de educação os quais libertariam o completo potencial do estudante. Após estudar os ensinos do Budismo de Nitiren Daishonin, realizou que estes princípios serviriam como base para sua filosofia de educar para se criar valores, o que era seu objetivo na vida.
Em 1928, o Prof. Makiguti adotou este Budismo, junto com um outro jovem professor, o Josei Toda (1900-1958), o qual tivesse conhecido no ano 1920. Em 1930, fundaram o Soka Kyoiku Gakkai (Value Creation Education Society), como uma associação leiga da Nitiren Shoshu. Os membros consistiam, em sua maioria, de outros professores colegas. Naquele tempo, o Japão dirigia-se inevitavelmente para uma guerra... uma situação totalmente contraria aos princípios budistas. Com o decorrer da Segunda Guerra Mundial, o governo Japonês redobrou os ataques contra qualquer entidade que não apoiasse o conflito. Os professores Makiguti e Toda se viram mais e mais pressionados para comprometera sua fé e sua prática e adotar o Shintoismo...a religião oficial do estado. Finalmente, o governo pediu para o templo de Nitiren Shoshu aceitar consagrar uma estatua Shinto, o que seria uma calúnia. Os reverendos, temendo a represália do governo, aceitaram a proposta.
O professor Makiguti, no entanto, recusou-se a violar a verdade do Budismo de Nitiren Daishonin. Por tanto, em 1943, êle e o Professor Toda e outros líderes da Soka Kyoiku Gakkai, foram colocados na cadeia, condenados como ''pensadores subversivos''. Com a idade de 72 anos, o Professor Makiguti sofreu brutalidade e abuso na prisão, nunca se recuando de afirmar sua fé nos princípios pelos quais fora aprendido. No dia 18 de Novembro de 1944, morreu aos 73 anos na Casa de Detenção de Tokyo.
Josei Toda sobreviveu a tortura e foi posto em liberdade no 3 de Julho de 1945, poucas semanas antes da rendição de Japão. A Soka Kyoiku Gakkai estava desintegrada por causa da perseguição durante a guerra, mas Toda imediatamente assumiu a sua reconstrução. A nova organização foi batizada como Soka Gakkai (Sociedade Criadora de Valores).
O Professor Toda resolveu que a nova organização teria como propósito o melhoramento da sociedade em geral. A Soka Gakkai cresceu rapidamente com a liderança do Toda e contava com participação de mais de 750 mil famílias quando êle morreu em 1958.
A liderança da Soka Gakkai passou para o Dr. Daisaku Ikeda, quem foi eleito presidente da organização no 3 de Maio de 1960. O Dr. Ikeda conheceu o Professor Toda com a idade de 19 anos, virando discípulo deste e adotando totalmente os princípios do Budismo de Nitiren.
O Dr. Ikeda se dedicou inteiramente a realização dos ideais do seu mestre Toda, propagando a paz, a cultura e a educação. Através das viagens ao exterior, o Dr. Ikeda tem contribuído grandemente para que este Budismo se converta numa religião mundial. Em 1975, formou-se a Soka Gakkai Internacional e atualmente, o Budismo de Nitiren Daishonin conta com a participação de mais de 12 milhões de pessoas em 128 países sob os auspícios da SGI.
A organização americana se formou em 1960, quando o nosso pres. Ikeda visitou os Estados Unidos e nesta época, havia pouquissimos praticantes deste budismo nos States, na maioria, senhoras japonesas que haviam se casado com americanos ou alguns poucos estudantes. Com o entusiasmo do Pres. Ikeda encorajando-os, rapidamente a organização cresceu por todo o pais.
A SGI acredita que o desenvolvimento da paz, da cultura e da educação são essenciais para a criação de um mundo melhor. Baseada neste ideal, a SGI promove atividades no mundo inteiro. Em 1957, Josei Toda fêz uma declaração contra as armas nucleares, chamando-as de criminosas em quaisquer circunstâncias; e chamou toda a juventude para se juntarem e se responsabilizarem por esta luta, pela extinção dessas armas destruidoras.
Aceitando este chamado, a SGI, sob a liderança do Dr. Ikeda, trabalha incansavelmente para criar as condições para um mundo pacífico. Os esforços para preencher os ideais da visão de paz do Prof. Toda tem resultado na diversificação das atividades da SGI como, por exemplo, sua função de Organização Não-Governamental com aceitação nas Nações Unidas. A SGI tem patrocinado programas de informação pública que procuram, através de exibições, palestras e outros meios, promover uma consciência elevada sobre as conseqüências da guerra e a praticabilidade da paz. Também tem promovido grandes exibições tratando de temas como direitos humanos e a proteção do ambiente os quais tem percorrido muitos países.
O Dr. Ikeda tem dialogado com líderes e intelectuais do mundo inteiro, tais como o historiador britânico Arnold Toynbee, Zhou Enlai, Corazon Aquino, Mikhail Gorbachev e Nelson Mandela, entre muitos outros, trocando idéias de como criar uma paz duradoura, melhor entendimento entre as nações, e vários outros temas. O Dr. Ikeda tem recebido numerosas condecorações de universidades e governos em recompensa pelos seus esforços promovendo a paz.
Aplicando o espirito do Budismo de Nitiren Daishonin aos tempos modernos, o Dr. Ikeda fundou varias instituições dedicadas a paz e ao diálogo intercultural. O Instituto Toda para Paz Global e Pesquisa Política desempenha pesquisas independentes em prol da paz. O Centro de Pesquisa de Boston para o Séc.21 provê um local para reunir sabedoria e alimentar o diálogo entre as tradições religiosas, filosóficas e culturais do mundo, orientando para a paz, assim desenvolvendo uma rede de cidadãos globais em busca da paz mundial. Em 1963, Mr. Ikeda fundou o Ming-On Associação Concerto, que tem patrocinado tours de grupos de setenta países com intuito de promover o entendimento entre diversas pessoas através da música, dança e outras expressões culturais.
Ele também fundou o museu de arte Tokyo Fuji em 1983, que está envolvido num programa de intercâmbio com instituições culturais através do mundo. Educação tem sido a principal preocupação da Soka Gakkai deste sua criação, e muitas idéias levadas a frente pelo Mr. Makiguti e o Mr. Toda foram trazidas a realização através do sistema de escola Soka. Desde primário até pós-graduação o sistema Soka considera a educação destinada a estimular sabedoria e envolvimento com a sociedade.
Em 3 de Maio de 2001, a Universidade Soka da América, inaugurará uma completa universidade de artes liberais no sul da Califórnia. No centro deste movimento global promovemos tambem pequenas reuniões e debates. Nêstes encontros, entre vizinhos ou pessoas da nossa comunidade as pessoas compartilham experiências, encorajam um ao outro e estudam budismo juntos, êles sâo a espinha dorsal da SGI. Eles são forums onde qualquer um pode falar livremente, fazer perguntas, ou simplesmente sentar e observar. Os encontros são feitos regularmente em casas ou em centros comunitários. As atividades são livres e todos são benvindos para participar ou somente assistir.
O Budismo de Nitiren Daishonin é realmente a religião que ultrapassa todos os limites, com uma diversidade raramente vista em outras instituições. Isto prova, que superando nossos impasses, vencendo nossa própria falta de entendimento e constantemente desejando despertar a natureza de Buda dentro de cada um de nós, poderemos construir uma paz mundial duradoura.
Não existe nenhuma maneira de legislar, ditar ou forçar a paz dentro da humanidade. Como Daisaku Ikeda escreve no prefácio do seu livro, A Revolução Humana: ''Uma grande revolução de caráter em um indivíduo ajudará a alcançar uma mudança no destino de uma nação e adiante, causará uma mudança no destino de toda a humanidade''. No nosso mundo de quebra-cabeça, logo se tornará óbvio que através de cada pessoa que se torne uma vencedora, ajudaremos outras a fazer o mesmo, a sociedade mudará.
Isto é a planta do Budismo para a paz mundial ou ''Kosen-Rufu''. A única maneira para as pessoas viverem juntas em paz e para muitos indivíduos despertarem para a necessidade de uma revolução interna. Pois a influência de uma pessoa feliz em seu ambiente produzirá um efeito profundo e duradouro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito