"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

4 de jan. de 2009

GONGYO

Gongyo, sua História e Prática

Embora Nitiren Daishonin tenha enfatizado a importância da recitação diária dos capítulos Hoben e Juryo, ele nunca mencionou um formato específico. No decorrer dos séculos, o formato do gongyo foi modificado diversas vezes. A seguir, está descrito as mudanças ocorridas desde a época de Nitiren Daishonin até a época atual, com base nos estudos realizados pelo chefe do departamento de estudo da Soka Gakkai, Katsuji Saito.
Durante a época de Nitiren Daishonin e Nikko Shonin
A única informação clara sobre o formato do gongyo na época de Nitiren Daishonin e Nikko Shonin é de que consistia na recitação dos capítulos Hoben e Juryo. Isto pode ser observado ao lermos a escritura ‘Recitação dos Capítulos Hoben e Juryo’. A recitação do capítulo Hoben não encerrava com os dez fatores ( o trecho que é repetido três vezes e que termina com honmatsu kukyo-to) como nos dias de hoje, mas estava incluso uma longa parte em verso.
Além disso, uma frase da escritura ‘Significado Essencial do Objeto de Adoração a ser Observado", narra a ‘prática matutina e noturna da Lei’ de Nitiren Daishonin. Isto indica que Daishonin realizava o gongyo da manhã e da noite quando estava no Monte Minobu. Não é claro se Nitiren Daishonin recitava o gongyo em outras épocas, ou em algum horário específico do dia.
Semelhantemente, Nikko Shonin - o segundo Sumo Prelado – recitava os capítulos Hoben e Juryo de acordo com uma passagem da escritura ‘Sobre a Traição dos Cinco Velhos Bonzos’. Outra referência sobre o gongyo na época de Nikko shonin aparece no seu documento de transferência à Nitimoku Shonin – o terceiro Sumo Prelado. No testamento intitulado ‘Sobre os Artigos Legados por Nikko’ ele declara: "Nitimoku será responsável pela administração e manutenção do Taissekiji, incluso o Templo Principal e o mausoléu do nosso mestre Nitiren e deverá realizar o gongyo nestes locais com o objetivo em prol do kossen-rufu’. Desta forma, pode ser observado que o gongyo era conduzido nestes locais.
Durante a época do Nono Sumo Prelado, Nichiu (1409-1482)
A prática de realizar o gongyo - em forma de procissão, de um local para outro dentro do Templo Principal – teve início na época do Nono Sumo Prelado. Os bonzos se revezavam – do Hondo (Templo Principal) ao Miei-do (Templo da Imagem), e deste para os locais de reverência aos deuses budistas, alojamentos, etc – sendo que em cada local era recitado o gongyo e o daimoku.
No Hondo, onde o Dai-Gohonzon estava consagrado, orações ao objeto de adoração eram oferecidas. No Miei-do, onde as imagens de Nitiren Daishonin e Nikko Shonin estavam consagradas, orações pelos três mestres eram oferecidas. A oração em prol dos deuses budistas eram realizadas num local pré-estabelecido e acreditasse, que nos alojamentos, eram feitas as orações em prol dos falecidos. Uma oração complementar em prol do kossen-rufu era realizada no Miei-do.
No documento sobre Nichiu Shonin intitulado "Várias Considerações sobre o Mestre Nichiu’, há referência sobre o ‘gongyo três vezes ao dia’. O horário que estes eram realizados parece ser entre a hora do dragão e da cobra (entre as oito e dez da manhã), na hora do cavalo (em torno do meio-dia) e na hora do cachorro (em torno de oito da noite).
Além disso, na página 142 do mesmo documento, consta um referência ao gongyo da manhã – possivelmente o ushitora gongyo, conduzido no Templo Principal entre a hora do boi e tigre (entre as duas e quatro da manhã).
a. Vire para o leste em direção ao céu matinal, recite o capítulo Hoben (até o trecho dos dez fatores) e em seguida o capítulo Juryo.
b. Em direção ao Gohonzon, recite o capítulo Hoben completo e o capítulo Juryo.
c. No Miei-do, recite o capítulo Hoben (até o trecho dos dez fatores), seguido do capítulo Juryo.
Acredita-se que o ítem B tenha sido conduzido diante do Gohonzon consagrado no Hondo. Não é claro se o ítem A era conduzido no Hondo ou em outro local, mas, na oração estava incluso um oferecimento em prol das funções budistas (shoten zenjin). No item B, um oferecimento ao Gohonzon e no item C, um oferecimento aos três mestres (Nitiren Daishonin, Nikko Shonin e Nitimoku Shonin).
Quando os clérigos recitavam o gongyo em seus próprios alojamentos, há registros da recitação de acordo com os ítens A e B, mas a parte C era omitida.
Durante a época do décimo-segundo Sumo Prelado, Nitchin (1469-1527)
O formato do gongyo em cinco orações foi formalizado durante a época de Nitchin, que serviu como Sumo Prelado durante 1482-1527. Na sua obra "Sobre o Recitar do Sutra em Cada Templo", Nitchin indica que o gongyo da manhã e da noite era conduzido durante a procissão entre os vários templos situados em torno do Taisekiji. O primeiro registro foi realizado no dia 1 de maio de 1523, na qual o gongyo foi conduzido da seguinte maneira:
- No Hondo, recitar os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 100 daimoku.
- Na oração a céu aberto (Temmiko), ofereça orações de agradecimento as funções budistas, recite os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 100 daimoku.
- No Miei-do, recitar os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 100 daimoku, em seguida, recite três vezes o capítulo Juryo, seguido de 300 daimoku.
Neste caso, o capítulo Hoben somente era recitado até o trecho dos dez fatores. No dia seguinte, o gongyo da manhã foi registrado da seguinte maneira:
- No Miei-do, recitar três vezes os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 300 daimoku.
- Oração em prol das funções budistas, recitar os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 100 daimoku.
- No Hondo, recitar os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 100 daimoku.
- Retornando ao Miei-do, recitar os capítulos Hoben e Juryo, seguido de 100 daimoku.
Novamente, neste caso, o capítulo Hoben somente era recitado até o trecho dos dez fatores.
Não é claro se o padrão descrito acima do gongyo matutino e noturno eram conduzidos diariamente. O sexagésimo-sexto Sumo Prelado, Nitatsu Shonin, sugeriu que as orações em agradecimento ao Gohonzon eram oferecidas no Hondo, as orações em agradecimento aos três mestres e em prol da realização da paz mundial eram oferecidas no Miei-do e as orações a céu aberto eram realizadas em agradecimento a proteção das funções budistas. Nos alojamentos dos bonzos, eram oferecidas as orações pelos falecidos e esta se tornou a base do gongyo de cinco orações, realizado atualmente. Se esta for uma versão correta, pode também ser verdade, que a tradição de oferecer as cinco orações silenciosas se institucionalizou neste período.
Durante a época do décimo-sétimo Sumo Prelado, Nissei (1600-1683)
As cinco orações eram conduzidas em apenas um local durante este período, Em 1632, um novo templo Miei-do foi construído e o Hondo original foram conectados para se tornarem apenas um templo. De acordo, com o sexagésimo-sexto Sumo Prelado, Nitsatsu, a prática de realizar procissões entre os vários templos foi extinta nesta época e o sutra era recitado cinco vezes no Salão de Recepção (Kyakuden).
Durante a época do vigésimo-sexto Sumo Prelado, Nitikan (1665-1726)
O Gohonzon transcrito por Nitikan Shonin é atualmente distribuído aos membros da Soka Gakkai, sendo que a prática de recitar o sutra cinco vezes durante a manhã e três vezes a noite foi institucionalizada neste período. No documento escrito por Nitikan Shonin, com respeito a pergunta de um leigo, ele especifica a forma de conduzir o gongyo.
Manhã
Primeira oração (agradecimento às funções budistas): Recitar os capítulos Hoben (até os dez fatores) e Juryo
Segunda oração (agradecimento ao Gohonzon): Recitar os capítulos Hoben (completo) e Juryo
Terceira oração (agradecimento a Nitiren Daishonin): Recitar os capítulos Hoben (até os dez fatores) e Juryo
Quarta oração (em prol da paz mundial): Recitar os capítulos Hoben (até os dez fatores) e Juryo.
Quinta oração (em prol dos falecidos): Recitar os capítulos Hoben (até os dez fatores) e Juryo.
Noite
Primeira oração (agradecimento ao Gohonzon): Recitar os capítulos Hoben (até os dez fatores) e Juryo.
Segunda oração (agradecimento a Nitiren Daishonin): Recitar os capítulos Hoben (até os dez fatores) e Juryo
Terceira oração (em prol dos falecidos) – Recitar três vezes o Jigague (trecho em verso do capítulo Juryo)
Época atual
Durante a época do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguti, não havia um formato específico do gongyo, como temos atualmente. Os membros leigos recitavam os capítulos Hoben e Juryo, da mesma forma que os clérigos. Mas, após a II Guerra Mundial, um grande número de pessoas começou a praticar os ensinos de Nitiren Daishonin, devido as intensas campanhas de propagação promovidas pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda.
Percebendo a necessidade de estabelecer um formato prático para a prática do budismo de Nitiren Daishonin, baseado no espírito de jigyo keta (prática para si e para outros), foi estabelecido junto com o Sumo Prelado da época, o atual formato do gongyo, consistindo de cinco orações na manhã e três à noite.
Antes deste formato ser oficialmente declarado, as pessoas leigas não sabiam como praticar o budismo, mesmo tendo fé nos seus ensinos. Mas hoje, todas as pessoas que decidem praticar junto à Soka Gakkai tomam conhecimento da prática para si (recitar o sutra e o Nam-myoho-rengue-kyo) e propagar a Lei (prática para os outros), como pilares da prática budista. Este ritual veio a contribuir para que todos os membros leigos pudessem praticar a Lei de forma assídua e contínua.

Fonte: World Tribune – 23/01/1995.
Preciosa Colaboração de Charles Tetsuo Chigusa chigusacharles@hotmail.com Tóquio - Japão

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