"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

1 de jan. de 2009

A VIDA DE NITIKAN SHONIN

26º Sumo Prelado
O restaurador do Verdadeiro Budismo
Escreveu (em 1720) o Gohonzon (Okatagui Gohonzon) que hoje é concedido pela SGI


Apostila – pag. 51


Nasceu em Tatebayashi (atual província de Gunma)
Em 1665
Primeiro nome: Ito Itinoshin



Séculos após a morte do Buda Sakyamuni o budismo dividiu-se em várias seitas que disputaram a supremacia teológica.

Autoridades budistas que conseguiram distinguir as verdadeiras doutrinas das falsas:
v Tient’ai – que refutou as três seitas do sul e as sete seitas do norte da China
v Dengyo – que refutou as seis principais seitas de Nara (antiga capital do Japão)

Os dois acima sistematizaram os ensinos de Sakyamuni e provaram que o Sutra de Lótus é o núcleo do budismo.

Também após a morte de Nitiren Daishonin, seu budismo dividiu-se em várias seitas conforme as diferentes interpretações de sua doutrina.

Quatrocentos anos após o falecimento de Daishonin (o Buda Original) – no século XVII, surgiu Nitikan Shonin. Ele trouxe o budismo de Nitiren Daishonin ao foco central. Contribuiu para construções e reparos de vários prédios do Taissekiji (onde estava consagrado o Dai-Gohonzon).

Nitikan Shonin, por este motivo ficou conhecido como o restaurador do Verdadeiro Budismo.


ONDE TUDO COMEÇOU

Em 1683 quando estava com 18 anos ele descansava diante de um portão do Templo Kannon, quando um asceta se aproximou, tocando um pequeno sino. Itinoshin aproximou-se dele e disse: “Posso perguntar-lhe uma coisa? Qual o significado da frase: ‘sessenta e seis sutras místicos para serem oferecidos’, inscritas na mochila?”.
O peregrino respondeu: “Significa que oro pela posteridade, oferecendo o Sútra de Lótus do Bodhisattva Kannon em cada uma das sessenta e seis províncias do Japão”.
Itinoshin perguntou então: “E qual o significado desse sino, e por que você recita essas palavras? “
O asceta disse então: “O toque do sino representa os instáveis fenômenos deste mundo. E nós oramos à Nembutsu, porque desejamos ser levados à Terra Pura pela graça do Buda Amida”.
Itinoshin quis saber mais: “Sua boca recita o nome do Buda Amida, sua mente medita sobre o Bodhisattva Kannon e seu corpo viaja oferecendo o Sútra de Lótus em todas as províncias do Japão. Não há consistência em suas palavras, pensamentos e ações, não é?”
Esgotados os seus argumentos, o asceta nada pôde fazer senão responder: “Eu sou apenas um leigo. Como poderia responder à difícil pergunta que me faz?”
Um porteiro chamado Sahei observava a cena com curiosidade e mais tarde elogiou Itinoshin, dizendo: “Suas palavras atingiram o ponto exato; foram muito razoáveis!”


Itinoshin respondeu: “Eu não quis censurá-lo. Tenho copiado o capítulo Kannon do Sútra de Lótus para o templo de Assakussa a cada verão, mas o título do sutra é Myoho-rengue-kyo, e não o nome do Buda Amida. Seria equivalente a chamá-lo de Rokubei em vez de Sahei. O senhor responderia se alguém o chamasse de Rokubei em vez de Sahei? Sempre que uma pessoa orar a Kannon deve recitar Myoho-rengue-kyo. Então, haverá coerência entre o nome e a pessoa, exatamente como acontece quando as pessoas chamam-me Ito Itinoshin. Simplesmente fiz ao asceta uma questão que tem me preocupado durante um longo tempo. O porteiro ficou profundamente impressionado e disse ser um praticante do Verdadeiro Budismo, e propôs que esclarecesse suas dúvidas com Nissei Shonin (1600-1683), o 18º sumo prelado, que se encontrava aposentado.
Logo no dia seguinte, ele foi visitar Nissei Shonin no templo Jozaiji. A explanação do sumo prelado solucionou todas as suas dúvidas com relação às contradições que encontrava no budismo praticado naquele tempo. Nesse mesmo instante resolveu entrar para o sacerdócio, mas quando solicitou a demissão ao seu lorde, recebeu uma recusa, pois era um servo muito talentoso e útil. Durante muitos meses, Itinoshin tentou reprimir seu desejo, mas o seu espírito de procura pelo budismo fez com que ele cortasse o rabicho de samurai, e então dirigiu-se ao santuário do templo, em dezembro de 1683. Para sua infelicidade, Nissei Shonin já havia falecido. Então pediu a Nitiei Shonin (1650-1715), que seria mais tarde o 24º sumo prelado, que o aceitasse como discípulo. No templo Jozaiji, passou pela cerimônia formal de tonsura (*) e também recebeu o nome budista de Nitinyo.
(*)
ton.su.ra sf (lat tonsura) Ato ou efeito de tonsurar. Ato ou efeito de cortar o cabelo ou as barbas. A coroa dos clérigos. Receber ou tomar a tonsura, Liturg ant: entrar para o estado eclesiástico.

Em 1689 (com 25 anos), Nitinyo mudou-se para a escola de reverendos denominada Hossokussa Danrin (uma espécie de universidade onde se ensinava o budismo para os religiosos daquele tempo.

Em 1708, foi nomeado chefe da escola e recebeu o nome de Nitikan.

Após 20 anos de trabalho, transferiu-se para o Taissekiji, onde foi nomeado chefe dos estudos de Renzobo, que era o centro de estudos do Budismo de Nitiren Daishonin. Logo depois, esforçou-se para dar maior impulso ao estudo do budismo por meio de aulas sobre o Gosho (escrituras de Nitiren Daishonin), escrevendo observações sobre as teses mais importantes de Daishonin, e sistematizando suas doutrinas.

Sua principal obra (obra-prima):

v Rokkan Sho (Escrituras de seis volumes)

Nesse trabalho ele refuta inteiramente as seitas desencaminhadoras, e constrói uma firme base para sustentar o verdadeiro espírito de Nitiren Daishonin.

No final do século XVII, o budismo tornou-se a religião oficial do Japão (imposto pelo xogum Ieyasu Tokugawa). Todas as seitas budistas eram obrigadas a se manter dentro de suas próprias esferas de influência determinadas pelo governo. Todas as famílias eram obrigadas a pertencer a estabelecimentos budistas definidos, e os religiosos responsáveis tinham o direito de examinar a vida particular e as idéias de cada família. Uma grande parte do clero budista era constituída de obedientes servos do governo.

Em 1718 foi nomeado 26º sumo prelado da Nitiren Shoshu (com 54 anos de idade).

Em 1720 transferiu a posição a Nitiyo Shonin (1670-1723) e retornou ao Centro de Estudos Budistas em Taissekiji, onde continuou sua pesquisa e, como diretor da escola, reassumiu suas preleções sobre os escritos de Nitiren Daishonin.

Nitiyo Shonin faleceu três anos depois e Nitikan Shonin reassumiu como sumo prelado.
Seu desejo era fazer o Templo Principal (Taissekiji) prosperar como centro do Verdadeiro Budismo.
Ajudou a construir vários templos e ajudou Nitiyu Shonin (25º sumo prelado) a construir o portão do templo (Sanmon), e mais tarde trabalhou no salão de recepção em cooperação com Nitiyo Shonin.

Como sumo prelado, Nitikan Shonin contribuiu com a construção do Joshodo (Templo da Recitação Continua) e do Ishinobo, o alojamento onde viveu por quatro anos até seu falecimento. Ele também concluiu a instalação do grande sino do templo e proveu fundos para a construção do Pagode de Cinco Andares, que foi concluída nos dias de Nitijin Shonin (1687-1769), o 31º sumo prelado.

No último dia de suas preleções, Nitikan disse: “A fim de provar que as traduções chinesas eram perfeitas, Kumarajiva predisse que após falecer, sua língua, que havia transmitido o Sutra de Lótus de Sakyamuni mais corretamente, permaneceria sem se queixar mesmo após a cremação de seu corpo. Sua profecia concretizou-se e as pessoas confiaram plenamente em suas traduções. Mesmo que eu, Nitikan, pudesse mostrar a eloqüência de Purna e as forças ocultas de Maudgalyayana para explicar o Verdadeiro Budismo, ainda assim as pessoas não acreditariam em minhas preleções se estas não provarem ser corretas mais tarde. Assim, desejo dizer que pouco antes de falecer, comerei soba (talharim de trigo mourisco**), o prato que mais gosto, sorrirei feliz e recitarei Daimoku. Se acontecer assim como predisse, não devem duvidar de uma única frase sequer da minha preleção.”

** mourisco = Variedade de trigo rijo***.
***rijo = áspero, duro

“Tient’ai disse-nos: Quando a prática progride e a compreensão alcança um certo nível, os Três Obstáculos e as Quatro Maldades emergem em feroz competição para interferir.”

No final, legou todos os ensinamentos de Nitiren Daishonin a Nissho Shonin (1681-1734).

Na noite de 18 de agosto ele expôs seu poema:

Permanentes são a água e o vento,
eternamente unos são
o secular e o sagrado,
O ser e o ambiente perfeitamente fundidos.
Dando seu último suspiro, serena
A flor dos Últimos Dias
É incapaz de enviar sua fragrância,
Mas a semente do bom persiste.

Ele pediu aos discípulos que preparassem o soba como se estivesse para celebrar sua partida para a próxima existência. Ele então sorriu e disse: “Que vida feliz tive neste mundo!” Na manhã seguinte, enquanto recitava Daimoku ao Gohonzon com os seus discípulos, faleceu serenamente.

Consta no Rokkan Sho (sua obra) – 3º volume:
“Os praticantes devem devotar-se ao Gohonzon em vez de estátuas de Sakyamuni, ler somente os capítulos Hoben e Juryo no Gongyo e não o Sutra todo (28 capítulos).”

Consta no Rokkan Sho (sua obra) – 5º volume:
“ Os praticantes devem recitar os capítulos Hoben e Juryo e enfatiza que o Daimoku é a prática principal.

Percebe-se em todos os seus escritos e atos o grande espírito de Chakubuku e a firme convicção na realização do Kossen-rufu.

“Com esse Rokkan Sho, os senhores são o rei-leão e não precisam temer nada, mesmo que as raposas e lebres de todas as seitas do Japão cerque o Templo Principal de uma só vez.”

“O local de consagração do Verdadeiro Budismo é onde todas as pessoas se arrependem e expiam seus pecados passados. E é também o local onde Bonten e Taishaku vieram orar.”

Nos dias de hoje o espírito de chakubuku e as diretrizes de Nitikan Shonin para o Kossen-rufu podem ser observados somente na Soka Gakkai.

Conforme Nitikan Shonin, a fim de estudar corretamente os ensinos de Nitiren Daishonin, devemos aprender a ler o Gosho. Poucas pessoas conseguem abraçar o espírito do Buda Original. Algumas consideram certas partes do Gosho como o todo. Outras, tomam os ensinos intermediários pelo mais elevado e há ainda aquelas que nada sabem a respeito do propósito do advento de Daishonin neste mundo. Pelas explanações de Nitikan Shonin, podemos perceber claramente que a essência do Budismo de Nitiren Daishonin é o Gohonzon dos Três Grandes Ensinos Fundamentais. A menos que tenhamos fé no Gohonzon e nos empenhamos na prática será inútil ler o Gosho.

“Sem dúvida irão se arrepender eternamente se passarem esta curta vida em vão. Não devem poupar a própria vida, mas empenhar-se na prática. Os reverendos” --- (e membros da SGI) --- “que negligenciam sua prática budista não são meus discípulos.”

Prevendo o tempo do Kossen-rufu, preparou-se promovendo o estudo do Verdadeiro Budismo elevando a compreensão de seus discípulos. Ele não tinha dúvidas de que sua missão era sistematizar o Budismo de Nitiren Daishonin e esta tarefa, portanto, como uma realização monumental na história do Kossen-rufu.

“Os benefícios de miríades de budas e sutras das dez direções e das três existências, sem uma única exceção, derivam deste Gohonzon que provê a semente do estado de Buda e que está oculto no sutra, assim como as centenas de milhares de galhos e folhas da árvore surgem da mesma raiz. Este Gohonzon proporciona grandes e ilimitados benefícios. Suas funções místicas são vastas e profundas... Este (objeto de devoção) é o verdadeiro propósito do advento de Nitiren Daishonin neste mundo, o mais supremo e insuperável dos Três Grandes Ensinos Fundamentais do Verdadeiro Budismo, o verdadeiro objeto de devoção do Budismo da Semeadura nos Últimos Dias da Lei, e o brilhante espelho dos praticantes budistas.”

“Deve-se compreender que quando se acredita no objeto de devoção (que é a incorporação da Lei do Nam-myoho-rengue-kyo) oculto nas profundezas do Sútra de Lótus, e quando se recita o Nam-myoho-rengue-kyo, pode-se, por meio dos poderes do Buda e da Lei, aperfeiçoar a prática da observação da mente e atingir a iluminação. Mas se não tiver fé, a força do objeto de devoção não possibilitará a atingir a iluminação.”

“Olhando o Gohonzon, em seu canto direito superior estão as palavras ‘Aqueles que atormentam e prejudicam (os praticantes da Lei) terão a cabeça partida em sete pedaços’. Isso não significa o conceito de punição? Ao mesmo tempo, no canto superior esquerdo do Gohonzon há uma inscrição que diz que ‘Aqueles que fazem oferecimentos acumularão boa sorte superior a dos dez títulos honoríficos (do Buda)’. Isso não significa o benefício que o Gohonzon nos traz? O benefício e a punição constituem a realidade de nossa vida diária, na qual o valor e o antivalor estão sempre sendo criados.”

“A mente daqueles que se esqueceram do Chakubuku e não estão cientes dos quatro ditados é idêntica à mente dos caluniadores da Lei.
Se não praticam o Chakubuku com sua boca, é como se sua boca caluniasse a Lei.
Se seu corpo não se posta diante do Gohonzon com o juzu em mãos, é como se seu corpo caluniasse a Lei.”

Um comentário:

Jackson disse...

Nossa! Fiquei de cara com essa história, nunca havia lido tanta informação a respeito de Nitikan Shonin, agradeço profundamento por compartilhar essa informação.