O pássaro das Montanhas Nevadas - Kankutyo
(Brasil Seikyo, edição nº 1653, 25/05/2002, página A6.)
Na escritura de Nitiren Daishonin “Carta a Niike” consta a seguinte passagem: “Nas profundezas das Montanhas Nevadas vive um pássaro chamado Kankutyo que, torturado pelo frio paralisante, chora dizendo que fará um ninho na manhã seguinte. Todavia, quando o dia irrompe, ele se esquece das horas na luz morna da manhã, deixando de construir seu ninho. Dessa forma, continua chorando em vão durante toda a vida. Isso é também verdadeiro com as pessoas. Quando caem no inferno e sufocam em suas chamas, desejam renascer humanas e juram deixar tudo de lado para servir os Três Tesouros e atingir a iluminação na existência seguinte. Porém, mesmo nas raras ocasiões em que renascem sob forma humana, os ventos da fama e da fortuna sopram com violência e a luz da prática budista é facilmente apagada. Sem qualquer escrúpulo, desperdiçam suas riquezas em insignificâncias, mas restringem mesmo a menor contribuição ao Buda, à Lei e ao Sacerdote. Isso é muito sério, pois estão sendo influenciados pelos mensageiros do inferno. Este é o significado de ‘O bem aos centímetros convida o mal aos metros’.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 281.)
As “Montanhas Nevadas”, freqüentemente citadas nas escrituras budistas, correspondem às altas montanhas ao norte da Índia, como a Himalaia. De acordo com essa parábola budista, nessas montanhas vivia um pássaro chamado Kankutyo, que passava todas as noites chorando por enfrentar um intenso frio. Em meio a isso, sua decisão era construir seu próprio ninho ao amanhecer para se proteger do frio da noite. Porém, quando amanhecia, aquecia-se com os calorosos raios solares, esquecia-se completamente do sofrimento da noite, passava o dia cantando e não construía seu ninho. Assim, diz-se que esse pássaro passava toda a vida sem construir seu ninho, sofrendo pelo frio todas as noites.
Daishonin cita essa parábola como uma analogia da existência dos seres humanos. Ao nascer, todos teriam assumido a missão de se empenharem pelo Kossen-rufu visando a acumular boa sorte para não caírem no estado de Inferno. Porém, dominados pelos desejos da fama e da fortuna, deixam de lado esse objetivo e se esquecem da decisão primordial, e isso as fazem cair nos baixos estados de vida.
Em outras palavras, o que é comum nas pessoas é empenhar-se firmemente na prática da fé nos momentos de dificuldades, manifestando uma forte determinação de prosseguir nessa prática por toda a sua existência. No entanto, quando as circunstâncias negativas e os sofrimentos se transformam, é comum esquecer-se da decisão e, dominado pela rotina, estagnar-se na prática e deixar de progredir e de se aprimorar.
Enfim, como praticantes do budismo, é importante renovarmos nossas decisões a cada dia e agir concretamente para realizá-las
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