No capítulo oitavo ("Profecia da Iluminação de Quinhentos Discípulos") do Sutra de Lótus, Sakyamuni alerta seus discípulos para que não caiam no arrogante erro de acreditar que já se iluminaram, quando apenas atingiram conhecimentos e compreensão parcial da Verdade Essencial da Vida. Contou então a parábola da "Gema Preciosa Escondida na Roupa" :
"Uma pessoa visitou um de seus amigos." Foi recebido, na casa do amigo, com muita alegria e várias garrafas de vinho. Ficou, portanto, embriagado e caiu adormecido.
O amigo visitado tinha que sair para um urgente negócio oficial. Porém, antes de sair, costurou uma preciosa gema nas dobras das roupas de seu necessitado amigo. Contudo, como o homem estava pesadamente adormecido, não tinha idéia de que havia ganho a pedra preciosa.
Quando despertou, o homem recomeçou a sua longa jornada, saindo da casa do amigo sem se despedir, pois este ainda não havia retornado de seus negócios.
Trabalhou duramente por seu alimento e roupa, porque não sabia a respeito da jóia, e porque estava sempre pressionado pela sua subsistência.
Um dia aconteceu de o homem encontrar-se novamente com o velho amigo, que ficou surpreso com a sua pobreza. O amigo, suspirando, disse para o homem pobre :
* "Por que se tornou tão pobre ? Certa vez, quando voce me visitou, costurei a mais preciosa de todas as minhas gemas nas dobras de sua roupa, de modo que voce pudesse viver uma vida confortável. Ainda deve tê-la. E mesmo assim tem levado essa vida miserável. Deve usar essa pedra preciosa para comprar o que necessitar. Então, pode ter tudo o que quiser."
Surpreso com as palavras do amigo, o homem apalpou a sua roupa. Tal como o amigo havia dito, a gema apareceu. Embora estivesse envergonhado pela sua própria ignorância, ficou também muito contente ao encontrar essa valiosa jóia.
Após o relato dessa parábola, os quinhentos arhats compararam o Buda ao amigo que deu a inestimável gema. Eles disseram : "O Buda, em nossas existências anteriores, desde o remoto tempo passado, educou-nos e fez-nos aspirar à suprema sabedoria. Entretanto, tal como a pessoa que visitou o seu amigo embebedou-se e caiu adormecido, esquecemo-nos da verdadeira intenção do Buda, que é a de levar-nos à suprema sabedoria. Após isso, alcançamos o estado de arhat (Erudição) e, acreditando que tínhamos alcançado a iluminação, estávamos satisfeitos com o nossa compreensão superficial".
O Buda, então, disse para eles que o que eles alcançaram, mesmo com muito esforço e trabalho de aprendizagem, não era a verdadeira iluminação. E os arhats notaram que estavam praticando uma fé errônea e ficaram alegres com a predição, pelo Buda, de que iriam, com toda a certeza, praticar e propagar corretamente a Lei e, portanto, alcançariam a iluminação e se tornariam, também, Budas.
Explanação
A parábola diz que o amigo costurou uma inestimável gema dentro da roupa do homem. Isto indica que o Buda Sakyamuni plantou a semente da iluminação dentro das pessoas, inclusive dos quinhentos discípulos, desde o remoto tempo passado de sanzen-jintengo. No entanto, em algum tempo, eles abandonaram a sua fé no Sutra de Lótus, convertendo-se a ensinos superficiais.
Como o homem que vagou por toda terra sofrendo de contínua pobreza, estavam destinados ao ciclo dos seis estado inferiores de vida (veja, neste site, as informações sobre a Filosofia Budista) E tal como o homem ao qual foi ensinado pelo seu amigo a respeito da existência da gema, eles também foram finalmente capazes de compreender que o Buda, há muito, tinha plantado a inestimável gema dentro de suas roupas.
A inestimável gema indica claramente o próprio Sutra de Lótus, que estava sendo pregado por Sakyamuni. Indica, também, o Estado de Buda inerente no coração de todas as pessoas, desde o infinito passado.
Do ponto de vista do Budismo de Nitiren Daishonin, a inestimável gema é o Nam-myoho-rengue-kyo, que pode ser procurado e encontrado no âmago da vida, do coração e da mente de todos os seres humanos e em todos os fenômenos, seres e coisas do Universo.
Os que ainda não conseguem compreender que possuem essa jóia maravilhosa e infinitamente preciosa, nas profundezas de seu ser, e que podem se tornar Budas, são como o homem que se embebedou até a inconsciência e, então, vagou sem maiores objetivos e sentido de vida que não fosse a simples e mera sobrevivência física.
Preciosa Colaboração de Márcio Barros marciojgbarros@zipmail.com.br
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