"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

3 de jan. de 2009

GOSHO - Carta de Teradomari

(Teradomari Gosho – págs. 951 a 954)
Recebi o cordão de moedas que enviou-me. Aqueles determinados a buscar o Caminho devem, todos, reunir-se e executar o conteúdo desta carta.
Este mês (o décimo mês), no décimo dia, deixamos a vila de Eti, no distrito de Aiko, na província de Sagami. Ao longo do caminho, paramos em Kumegawa, na província de Mussashi, e, após viajar durante doze dias, chegamos aqui ao porto de Teradomari, na província de Etigo. Daqui atravessamos o mar para a província insulana de Sado. Porém, no momento, os ventos não estão favoráveis e eu não sei quando partiremos.
As privações da jornada foram piores do que eu poderia ter imaginado e, deveras, além do que poderia exprimir na escrita. Deixarei a seu cargo a conjetura do que suportei. Entretanto, estava preparado para tais dificuldades desde o princípio. Deste modo, não há propósito em começar a queixar-me delas agora. Portanto, não direi mais nada a respeito.
O quarto volume do Sutra de Lótus declara: "Como o ódio e a inveja em relação a este sutra são abundantes mesmo durante a existência do Buda, quão pior não será no mundo após a sua morte ?". O quinto volume afirma: "As pessoas serão repletas de hostilidades e terão extrema dificuldade em acreditar". E, o trigésimo oitavo volume do Sutra Nirvana expõe: "Naquela ocasião, todos os brâmanes dirigiram-se ao (Rei Ajatashatru), dizendo: "Ó, Grande Rei, presentemente há um homem de incomparável perversidade, um monge chamado Gautama". Todas as espécies de pessoas más, esperando obter lucro e esmola, congregaram-se a ele e tornaram-se seus seguidores. Eles não praticam a bondade e, ao invés disso, usam o poder de encantamentos e magia para persuadirem homens como Mahakashyapa, Shariputra e Maudgalyayana".
Esta passagem do Sutra Nirvana narra as palavras maldosas que vários praticantes brâmanes pronunciaram contra a Buda Sakyamuni, porque ele refutou as escrituras pregadas pelos mestres originais deles, as duas divindades e os três ascetas.
Na passagem acima do Sutra de Lótus, contudo, não era o Buda em si que estava sendo considerado como um inimigo. Mais propriamente, conforme explana Tientai, é (o Sutra de Lótus que está sendo objetado pelos) "vários shravakas e pratyekabuddhas e bodhisattvas que buscavam somente o Buda de iluminação recente". Em outras palavras, pessoas que não mostram nenhum desejo de ouvir ou acreditar no Sutra de Lótus ou que dizem que não se iguala à capacidade delas, embora possam não exatamente caluniar de fato a Lei, devem ser consideradas inimigas invejosas e hostis.
Observando a situação quando o Buda encontrava-se no mundo e comparando-a com a situação desde a sua morte, podemos afirmar que os eruditos das várias seitas do mundo atual são como os brâmanes da época do Buda. Eles também falam de "um homem de incomparável perversidade", referindo-se a mim, Nitiren. Eles expressam: "Todas as espécies de pessoas más congregaram-se a ele", indicando meus discípulos e seguidores. Os praticantes brâmanes, tendo recebido e transmitido incorretamente os ensinos dos Budas anteriores, mostraram hostilidade com relação ao Buda posterior, Sakyamuni. Os eruditos das várias seitas de hoje estão fazendo a mesma coisa. Praticamente, eles deixaram que a sua própria maneira de compreender os ensinos do Buda os levasse às visões heréticas. Eles são como pessoas que, atordoadas pela bebida, pensam que a enorme montanha diante delas está girando sem parar. E, deste modo, temos agora essas oito seitas ou dez seitas, todas contendo-se entre si por causa de suas várias doutrinas.
O décimo-oitavo volume do Sutra Nirvana enuncia a doutrina das ‘jóias preciosas que resgatam a vida’. O Grande Mestre Tientai, após estudar e ponderar esta passagem concluiu que a ‘vida’ refere-se ao Sutra de Lótus, e as ‘jóias preciosas’, aos três primeiros dos quatro ensinos expostos no Sutra Nirvana. Porém, então, que importância possui o quarto, ou o ensino perfeito que o Sutra Nirvana também revela ? Este ensino representa uma reiteração da doutrina, já apresentada no Sutra de Lótus, referente à natureza do Buda eternamente inerente e foi pregada para conduzir as pessoas ao Sutra de Lótus, de onde se originou. O ensino perfeito do Sutra Nirvana, da natureza de Buda eternamente inerente, na realidade, pertence o Sutra de Lótus. Os méritos exclusivos do Sutra de Nirvana, consequentemente, limitam-se aos três primeiros dos quatro ensinos (e não incluem o quarto).
O terceiro volume do Hokke Guengui de Tientai declara: "O Sutra Nirvana oferece jóias preciosas para resgatar a vida (do Sutra de Lótus) e, portanto, as mãos aplaudem e o acordo é concluído". O terceiro volume do Hokke Guengui Shakusen explana isto, dizendo: "A escola Tendai cita esta metáfora para apontar que os contéudos do Sutra Nirvana devem ser considerados jóias preciosas (que resgatam a vida do Sutra de Lótus)".
O Grande Mestre Tientai, em sua obra intitulada Shi’nenjo, cita a passagem do Sutra de Lótus que diz: "Embora eles possam expor vários caminhos…", e declara que os quatro sabores (dos sutras Kegon, Agon, Hodo e Hannya) também devem ser considerados jóias preciosas. Assim sendo, então, tanto o Sutra de Nirvana, que foi pregado após o Sutra de Lótus, como os outros sutras que foram expostos antes, devem ser concebidas como jóias preciosas oferecidas em prol do Sutra de Lótus.
Contudo, os eruditos do mundo atual são da opinião de que esta interpretação representa uma doutrina sugerida somente pela seita Tendai, e que nenhuma das outras seitas a aceita. Quando eu, Nitiren, examino a questão, no entanto, tenho o seguinte a dizer: As oito ou dez seitas, às quais estamos nos referindo, vieram, todas, à existência após a morte do Buda e são a criação dos vários eruditos e mestres desse intervalo. Entretanto, não devemos avaliar os sutras que o Buda pregou durante a sua existência com base nas doutrinas das seitas estabelecidas após a sua morte. Os julgamentos propostos por Tientai, porém, então em completo acordo com os ensinos dos vários sutras. É errado descartá-los por representarem apenas as opiniões de uma única seita.
Os eruditos das várias seitas continuam a agarrarem-se às opiniões errôneas de seus respectivos mestres. Portanto, declaram que as práticas religiosas devem ser acomodadas às capacidades das pessoas, ou deferem às idéias de seus fundadores ou tentam persuadir os dignos soberanos da época a serem aliados. O resultado disso tudo é que no final eles abandonam-se completamente às intenções maldosas, ocupam-se de alternadas disputas doutrinais, e sentem prazer em infligir injúrias contra pessoas que são isentas de culpa.
Entre as várias seitas, as opiniões da Shingon são particularmente deturpadas. Seus fundadores, Shan-wu-wei e Chin-kang-chih, sustentaram: "O conceito de Itinen Sanzen é o mais importante de todos os princípios de Tientai, o coração e o âmago dos ensinos formulados pelo Buda no curso de sua existência. Porém, não levando em conta a doutrina de que os três mil mundos são abrangidos pela mente, que compõe a base tanto dos ensinos exotéricos como esotéricos, os mudras e mantras formam a parte mais crucial dos ensinos budistas". Os líderes Shingon das épocas recentes têm usado este pronunciamento como um pretexto para declarar que todos os sutras que não mencionam madras e mantras devem ser considerados inferiores e, na realidade, não diferentes dos ensinos não-budistas.
Alguns dos mestres esotéricos asseveram que o Sutra Dainiti foi pregado por um Buda (Buda Dainiti) diferente do Buda Sakyamuni, outros afirmam que é o mais elevado dos ensinos expostos pelo Lorde Sakyamuni, ao passo que ainda outros dizem que o mesmo Buda manifestou-se uma vez na forma de Buda Sakyamuni para pregar os sutras exotéricos, e, numa outra ocasião, surgiu na forma de Buda Dainiti para ensinar os sutras esotéricos. Deste modo, compreendendo incorretamente os princípios subjacentes do Budismo, produzem uma interminável coleção de opiniões errôneas. Eles são como um grupo de pessoas que desconhecendo a verdadeira cor do leite, arrisca várias especulações sobre a matiz que poderia ter o leite, embora nenhuma consiga concebê-la corretamente". Ou, são como os cegos da parábola, que tentam imaginar a real forma do elefante. Neste sentido, os eruditos das várias seitas devem entender que o Sutra Dainiti se exposto antes do Sutra de Lótus, está no mesmo nível do sutra Kegon e, se ensinado depois do Sutra de Lótus, está no mesmo nível do sutra Nirvana, (ambos os quais servem apenas como jóias preciosas para resgatar a vida do Sutra de Lótus).
Não é possível que o Sutra de Lótus na Índia contivesse descrições de mudras e mantras e que aqueles que traduziram o texto para o chinês tivessem omitido esses trechos – Kumarajiva denominando a sua versão Myoho-rengue-kyo ? E, não é também possível que Shan-wu-wei tivesse acrescentado mudras e mantras e intitulado a sua versão Sutra Dainiti ? Por exemplo, havia outras versões do Sutra de Lótus, tais como o Sho-hokke-kyo, o Tem-bon-hokke-kyo, o Hokke-zanmai-kyo e o Satsuun Fundari-ko.
Na Índia após a morte do Buda, o bodhisattva Nagarjuna foi aquele que verdadeiramente entendeu a relação entre o Sutra de Lótus e os outros sutras, ao passo que na China, o Grande Mestre Tientai Chih-che foi o primeiro a compreendê-la corretamente. Homens como Shan-wu-wei da escola Shingon, Cheng-kuan da escola Kegon, Chia-hsiang da escola Sanron e Tzu-en da escola Hosso defenderam publicamente as doutrinas da escola que haviam estabelecido, mas em seus corações estavam completamente convencidos pelos ensinos da escola Tientai. No entanto, ignoravam este fato (e, portanto, desenvolveram opiniões errôneas). Como poderiam evitar de serem culpados de caluniar a Lei ?
Algumas pessoas criticam-me, dizendo: "Nitiren não compreende a capacidade das pessoas da época, mas circula por aí pregando de maneira áspera – esta é a razão dele deparar-se com dificuldades". Outras pessoas alegam: "As práticas de chakubuku descritas no capítulo Kanji são para bodhisattvas que estejam muito avançados na prática, (não para alguém como Nitiren. Ele deveria seguir os métodos de Shoju) do capítulo Anrakugyo, porém ele deixa de agir deste modo". Outros ainda queixam-se de que dedico toda a minha atenção aos ensinos doutrinais (e não falo nada sobre a observação da mente).
Estou plenamente ciente de todas essas críticas contra mim. Contudo, recordo o caso de Pien Ho que teve os seus pés amputados, e o de Kiyomaro (literalmente, Homem Puro), que foi cognominado Kegaremaro (Homem Imundo) e quase levado à morte. Todas as pessoas da época riram deles com escárnio, mas ao contrário daqueles dois homens, os que riram não deixaram nenhum bom nome atrás deles. E, todas as pessoas que dirigem críticas injustas contra mim irão encontrar um destino semelhante.
O capítulo Kanji declara: "Haverá muitas pessoas ignorantes que nos amaldiçoarão e difamarão". Observo minha própria situação nesta passagem. Por que não se aplicaria a todos vocês também ? "Eles nos atacarão com espadas e bastões", a passagem continua. Eu experimentei essa passagem do sutra com o meu próprio corpo. Por que meus discípulos não fazem o mesmo ? Mais adiante, a passagem diz: "Constantemente eles circularão no meio do povo procurando, desta forma, caluniar-nos". "Eles dirigir-se-ão aos governantes, altos ministros, brâmanes e grandes patronos do Budismo (…caluniando-nos e difamando-nos)". E, "eles defrontam-nos com linguagem imprecatória e cenhos furiosos; repetidamente seremos banidos". "Repetidamente" significa muitas vezes. E eu, Nitiren, fui banido repetidas vezes e, por duas vezes, fui condenado ao exílio.
O Sutra de Lótus invariavelmente conclui a pregação do Dharma de todos os Budas das três existências. Os eventos passados descritos no capítulo Fukyo estou experimentando agora, conforme predito no capítulo Kanji; deste modo, o presente profetizado no capítulo Kanji corresponde ao passado do capítulo Fukyo. O capítulo Kanji do presente será o capítulo Fukyo do futuro e, nessa ocasião, eu, Nitiren, serei o bodhisattva Fukyo deste.
O Sutra de Lótus consiste numa única obra de oito volumes e vinte e oito capítulos, mas eu ouvi que o sutra, na forma em que existiu na Índia, era longo o suficiente para estirar-se por uma extensão total de um yojana. Em outras palavras, deve ter havido muito mais capítulo nele. A versão de vinte e oito capítulos usada atualmente na China e Japão representa a parte mais essencial de uma versão condensada.
Deixemos de lado por enquanto a seção revelação do sutra. Na parte seguinte transmissão, os três pronunciamentos do capítulo Hoto são proferidos para a assembléia reunida no Pico da Águia e presentes na Cerimônia do Ar. Quanto ao voto feito no capítulo Kanji pelos vinte mil, os oitenta mil, e os oitenta miríades e milhões de nayutas de grandes bodhisattvas, um homem de sabedoria superficial como eu não pode compreendê-lo. Porém, eu observaria que a frase "numa era de medo e maldade"que consta no capítulo indica o início dos Últimos Dias da Lei. Essa ‘era de medo e maldade’ é referida posteriormente no capítulo Anrakugyo como ‘era posterior’. E, olhando outras traduções do sutra, constatamos que no Sho-hokke-kyo aparece como ‘na era posterior futura’ ou ‘na era posterior vindoura’, enquanto que no Tembon-hokke-kyo apresenta-se como ‘numa era de medo e maldade’.
Nessa era posterior que corresponde ao nosso próprio tempo, os três tipos de inimigos surgiram, mas nem um único dos oitenta miríades de milhões de nayutas de bodhisattvas pode ser visto em lugar nenhum. É como um lago ressequido ressentindo a falta de sua porção plena de água, ou uma lua minguante que está longe de ser cheia. Se a água é límpida, a imagem da lua reflete-se nela, e se árvores são plantadas, pássaros podem aninhar-se nelas. Portanto, eu, Nitiren, propago este sutra no lugar dos oitenta miríades de milhões de nayutas de bodhisattvas. Peço que aqueles bodhisattvas concedam-me o seu auxílio e proteção.
O sacerdote leigo que porta esta carta diz-me que o senhor instrui-o a acompanhar-me à província de Sado. Porém, em vista das despesas da viagem e outras dificuldades, estou enviando-o de volta ao senhor. Eu já conheço a profundidade de sua consideração. Por favor, explique aos outros o que escrevi aqui. Estou muito preocupado a respeito dos sacerdotes que estão na prisão, e espero que me informe sobre a situação deles na primeira oportunidade.
Respeitosamente,
Nitiren
Na hora do Galo (5:00 – 7:00) do vígésimo-segundo dia do décimo mês

Fundo de Cena

Após a sua tentativa fracassada de executar Nitiren Daishonin em Tatsunokuti, em 12 de setembro de 1271, Hei no Saemon, delegado-chefe do Departamento de Assuntos Militares e Policiais, não teve outra alternativa a não ser seguir as instruções originais do governo e entregá-lo à custódia de Honma Rokuro Zaemon Shiguetsura, o delegado de Sado. Nitiren Daishonin ficou confinado durante aproximadamente um mês de residência de Honma em Eti, província de Sagami, aguardando a decisão de seu destino pelo governo.
Nesse intervalo alguns problemas não identificados haviam ocorrido na residência do regente Hojo Tokimune, e um adivinho disse-lhe que o acontecido tinha relação com a tentativa de execução. Tokimune ordenou a soltura de Nitiren Daishonin, mas os eventos rapidamente trabalharam contra a sua decisão. Uma onda de incêndios criminosos e assassinatos assolou Kamakura e haviam boatos que diziam que os seguidores de Nitiren Daishonin eram culpados. O governo, então, ordenou que os planos originais de exílio fossem acionados.
Em 10 de outubro, Nitiren Daishonin deixou Eti, escoltado pelos soldados de Honma. Quando o grupo chegou à costa do Mar do Japão no dia 21, a neve cobria o chão e o mar estava turbulento. Eles foram forçados a parar durante vários dias num posto chamado Teradomari, em Etigo (atual prefeitura de Niigata), e esperar que os ventos se acalmassem o suficiente para permitir a travessia para a ilha de Sado. Afirma-se que Teradomari tenha prosperado a partir do início do século IX como um porto para o tráfego de navios entre a ilha de Sado e a ilha principal do Japão.
No dia seguinte à sua chegada a Teradomari, Nitiren Daishonin escreveu esta carta e confiou-a a um sacerdote leigo, que Toki Jonin havia enviado para acompanhá-lo. Toki Jonin foi um dos principais seguidores de Nitiren Daishonin, e serviu como um subordinado de um certo Lorde Tiba na província de Shimosa. Ele havia convertido-se ao budismo de Nitiren Daishonin por volta de 1254. Sendo um homem de considerável erudição, recebeu muitas das importantes obras de Nitiren Daishonin, inclusive "O Verdadeiro Objeto de Adoração".
O grupo alcançou Sado em 28 de outubro e chegou em 1 de novembro a Tsukahara, o local designado para o banimento de Nitiren Daishonin. Nenhum de seus inimigos esperava que ele retornasse desse lugar frio e assustador. Nitiren Daishonin permaneceu em Sado aproximadamente dois anos e meio, durante os quais conseguiu converter muitas pessoas, inscreveu o Gohonzon para praticantes em particular e escreveu vários importantes Gosho, revelando a sua iluminação como o Buda Original que surge nos Últimos Dias da Lei para salvar toda a humanidade.
A comunidade de praticantes em Kamakura havia ficado bastante abalada pelos acontecimentos da perseguição de Tatsunokuti e o exílio a Sado, e muitos, dentre os seus discípulos abandonaram a fé, ou passaram a nutrir dúvidas, quando viram Daishonin ser perseguido, e a perder a confiança no seu ensino. Entre aqueles que apostataram estavam alguns que começaram a criticar Nitiren Daishonin, afirmando que ele encontrava perseguições por ser rigoroso demais em sua maneira de propagar, ou que provavelmente não poderia ser o devoto do Sutra de Lótus, pois havia falhado em receber a proteção dos deuses budistas.. A fim de ajudar seus discípulos a dissiparem suas dúvidas e perseverarem na fé, Nitiren Daishonin, durante o seu exílio, escreveu um grande número de Gosho nos quais procurou oferecer respostas exatas às várias questões que eles possuíam, tais como porque os deuses budistas parecem não dedicar-lhes proteção e porque o chakubuku é o modo de propagação apropriado nos Últimos Dias da Lei. Esta carta é a primeira dessas escrituras.
No início desta carta, Nitiren Daishonin menciona de passagem as privações e dificuldades que experimentou durante os doze dias de viagens a Teradomari. Ele, então, cita passagens de escrituras para mostrar que, nos Últimos Dias da Lei, o ódio e a inveja em relação ao Sutra de Lótus serão piores do que durante a existência do Buda. Afirma que ele próprio está confrontando de fato tais oposições, em exato acordo com as predições dos sutras. Em seguida, fazendo alusão à doutrina de Tientai sobre ‘as jóias preciosas para resgatar a vida’, baseada no sutra Nirvana, Nitiren Daishonin declara a superioridade do Sutra de Lótus com referência a todos os outros sutras e aponta as visões errôneas dos eruditos das várias seitas, que deixam de reconhecer isto. Em particular, de Shan-wu-wei e outros. Ele adverte que os seguidores das várias seitas estão cometendo a ofensa de caluniar o Sutra de Lótus, não conscientes de que seus patriarcas interiormente concordavam com ensinos da escola Tientai, que se fundamentam no Sutra de Lótus.
Nitiren Daishonin enumera, então, quatro frequentes críticas à sua prática do chakubuku, levantadas não apenas pelos seus inimigos, mas também por alguns de seus próprios seguidores, e declara que as provações que encontrou combinam perfeitamente com as profecias do capítulo Kanji (décimo-terceiro) do Sutra de Lótus, referentes às perseguições que acompanharão a propagação nos Últimos Dias da Lei. Na perspectiva do sutra, ele próprio é o devoto que propaga o sutra nesta era posterior. Finalmente, ele expressa a sua gratidão a Toki Jonin por tudo o que havia feito por ele, e pede-lhe que o informe o mais rápido possível como os seus discípulos presos estão passando.


As mais Belas Histórias Budistas - As Escrituras de Nitiren DaishoninEndereço: http://www.vertex.com.br/users/san/goshos e-mail: sandro@vertex.com.br

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