"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

24 de jan. de 2009

Jeanny Chen - Ativando, usando e exercitando nossa natureza de Buda

Os ensaios de Jeanny Chen

Jeanny Chen, Saratoga, California.Disponível em http://www.happyjeanny.com/


No nosso ensaio anterior (7. "Perguntar-nos o quê podemos fazer: A solução budista para os relacionamentos conflitantes") discutimos e propusemos um argumento hipotético a respeito de como transformar, através da sincera recitação de Daimoku, nossas relacionamentos conflitantes com os outros. Foi baseado na efetividade que alguns membros conseguiram, utilizando um enfoque similar ao que eles usaram. Continuamos aqui com o tema, transcrevendo uma crônica desta transformação, com o propósito de ajudar àqueles que enfrentam o mesmo tipo de desafio. Aqui está:
2 de Outubro de 2001
Durante três anos consecutivos, minha chefe tem qualificado meu desempenho com uma média baixa na sua avaliação. Pode ser que me demitam devido à situação econômica geral somada à sua avaliação ruim. A rigor, estou em período de experiência e tenho só três meses para mudar a situação.
Sinto que minhas possibilidades são ZERO. Por alguma razão que desconheço, minha chefe nunca sorriu pra mim, nunca gostou do meu trabalho e jamais falou comigo mais de três frases seguidas. Juro que trabalho tão duro como sempre o fiz. Meu chefe anterior considerava-me uma assistente honrada e competente, mas com o mesmo nível de desempenho agora me qualificam de incompetente.
Que azar! Estou muito chateada. Esta mulher é impossível. Me recuso a discutir ou tratar este assunto com ela. Não sei o que fazer.
19 de Outubro de 2001
Desde que fui receber orientação de um veterano na fé, tenho recitado muito Daimoku com meus companheiros membros e também sozinha. Além disso tenho lido as publicações da Gakkai todos os dias e tenho participado de diversas atividades. Tudo isso sinceramente tem me ajudado e incentivado bastante. Sinto-me tranqüila e tenho a coragem necessária para continuar procurando a solução.
Esta tarde assisti a uma reunião de diálogo (palestra). O tema centrava-se na nossa natureza de Buda. Em resposta ao meu urgente pedido, utilizamos minha situação como tema de discussão. Dialogamos detalhadamente a respeito de como aplicar minha natureza de Buda para resolver meu problema. Minha "lição de casa" foi elaborar a conclusão deste diálogo e obter a prova real necessária para demostrar sua aplicação prática.
A sabedoria combinada de todos meus companheiros ajudou-me a entender claramente como funcionam os atributos do Buda no mundo concreto.
Surpreendeu-me muitíssimo saber que, como mortal comum, eu podia exercer este potencial livremente e, ao mesmo tempo, observar o processo de transformação que ia desenvolvendo-se na minha própria realidade.
20 de Outubro de 2001
Baseada na minha compreensão da reunião de diálogo (palestra) de ontem, decidi fazer emergir meu estado de Buda ao máximo, mediante a sincera recitação de Daimoku ao Gohonzon. E prometi seriamente a mim mesma:
"De agora em diante, vou assumir o rol de ‘advogada defensora’ da minha chefe, e esta atitude me exigirá que demostre de maneira extraordinária minha condição de vida mais elevada. Denodadamente, deverei perceber no seu comportamento, todos os motivos pessoais que impulsionam suas atitudes, e as razões que me levem a abraçá-la. Por isso, serei capaz de liberá-la do seu emaranhado com meu carma, e ao mesmo tempo me livrarei eu mesma de ter pensamentos caluniosos para com ela. Ademais plantarei a semente do Budismo na sua vida, com a esperança de que um dia desperte à sua natureza de Buda e possa desfrutar sua vida."
Este é meu plano: sei que unicamente manifestando minha natureza de Buda através do Daimoku ao Gohonzon, meus esforços se concretizarão. Portanto recitarei abundante Daimoku por este objetivo, e realizarei as ações necessárias. Estou determinada a continuar até conseguir o resultado desejado. De qualquer modo, não tenho outro caminho.
De acordo ao dito na reunião de diálogo (palestra), algumas das características dos Budas que posso exercer plenamente para ajudar a reverter minha situação são:
1. Sabedoria
Mediante meu Daimoku, farei emergir e perceberei com sabedoria o verdadeiro aspecto de todos os fenômenos, especificamente a verdade fundamental de tudo o que vem acontecendo comigo.
Minha chefe é como um espelho que reflete meu estado de vida e meu próprio carma.
Somente eu sou a responsável de todos os acontecimentos da minha vida, não ela. Serei capaz de resolvê-los só a partir de mim mesma.
Depois de ver o verdadeiro aspecto, serei capaz de superar o sofrimento causado pelo meu carma. O primeiro passo para transformá-lo, é não abrigar nenhum ressentimento contra ela. Isto interromperá a seqüência negativa do meu carma.
Ela é, de fato, um "bom amigo". Devido a seu comportamento, possuo a força motivadora necessária para encontrar a verdadeira resposta.Finalmente posso perceber que tenho que revolucionar meu próprio estado de vida interior. E estou trabalhando nisso. Como resultado, tenho certeza de que avançarei e obterei resultados que beneficiarão minha vida.
Apesar de parecer-me tão hostil e pouco afetuosa, não posso esquecer que ela é mãe, esposa, gerente, cidadã e ser humano, portanto colaboradora de alguma maneira com sua família, com a empresa, com a sociedade e com o universo. Devo respeitá-la como um ser humano igual, possuidora da natureza inerente de Buda.
Tenho me deixado escravizar pelo veneno do apego a mim mesma. Sem percebê-lo, minha visão baseava-se no egoísmo. Estava vivendo cheia de um descomunal amor próprio. Amava só a mim mesma. Me defendi furiosamente quase que por instinto. Acreditei que ninguém tinha o direito de menosprezar-me ou ofender-me. Minha opinião sempre tem sido superior e justificativa. E todos os outros, inclusive aqueles com uma posição mais elevada que a minha, pensavam de maneira errada. Eu era única, agradável, capaz, diligente e inteligente.
Que ninguém se atrevesse a olhar-me de maneira pejorativa! Não acreditava que houvesse algo errado em mim. Os defeitos, o absurdo e insensato dos outros, eram as verdadeiras causas de todos os problemas.
Estas características do meu egoísmo me arrastaram para o mundo da desilusão e da negatividade. São meus piores inimigos. Devo descartar meu pequeno eu e manifestar meu grandioso eu, enraizado na benevolência.
Tal como o presidente Ikeda nos ensina, tentarei ampliar minha vida mediante a recitação de Daimoku, para abarcar o universo e influenciá-lo também, portanto, não confinarei minha vida somente à esfera do egoísmo e assim deixará de ser um problema a maneira como minha chefe me trata.
2. Benevolência
Incondicionalmente devo respeitar e abraçar seu estado de Buda, sem reparar quem ela é nem como é. Ficar na sua própria pele. Viver, sentir e respirar suas circunstâncias.
Seu filho está sofrendo uma doença incurável. Seu marido não consegue manter-se em nenhum emprego decente por mais de seis meses. Está atravessando sua menopausa. A empresa a pressiona para aumentar o volume de vendas mas, ao mesmo tempo também está cortando o pessoal da equipe de vendas... Eu ficaria louca no seu lugar! Não é de se estranhar que não seja feliz.
As razões pelas quais exige excessivamente dos outros, não lhes demonstra cordialidade, tem pouca consideração e vive num estado baixo de vida, são bastante compreensíveis. O verdadeiro aspecto é que ela não está percebendo-me como pessoa ou como sua assistente, está atuando de acordo com seu estado de vida, de alguma maneira pedindo ajuda. Devo enxergá-la deste modo, com benevolência.
Sou muito mais afortunada que ela por ter encontrado o Budismo de Nitiren Daishonin e praticá-lo junto a Soka Gakkai. Tenho a oportunidade de aprender os ensinamentos corretos e encontrar o caminho da iluminação. Estou protegida, incentivada e guiada por companheiros que caminham junto comigo, de mãos dadas, em cada um dos meus desafios. Com esta prática, sou feliz e otimista, enquanto que ela só enfrenta um obscuro beco sem saída.
Devo demostrar-lhe minha benevolência pela sua falta de boa sorte e, de alguma maneira, brindar-lhe felicidade através do meu Daimoku.
Está claro que, com a minha prática budista, os meios para desatar este nó estão nas minhas mãos. Abrirei a natureza de Buda de ambas, e depois comunicar-me com ela como numa conversa de mulheres, tal como uma afetuosa amiga o faria.
Depois recitarei Daimoku especificamente por cada desafio que ela estiver enfrentando para que possa superá-lo. Na minha oração, me desculparei por qualquer problema, inconveniente o sofrimento que possa ter-lhe ocasionado sua relação com meu próprio carma negativo. Valorizarei sua liderança como minha chefe e como parte da empresa. Lhe farei saber que irei pôr ainda mais empenho no meu trabalho e lhe prometerei que se sentirá orgulhosa de mim. Lhe direi, através do meu Daimoku, que recitar Nam-myoho-rengue-kyo pode convertê-la numa mulher feliz e iluminada.
Confio que receberá minha mensagem com boa vontade, através da onipotente onda de energia positiva do universo. Ademais, depois de ter gravado profundamente na minha vida essa oração sincera por ela, mudarei nossa relação ruim por uma boa. Quando a olhar cara a cara, meus sentimentos e impressões por ela sem falta deverão ter mudado 180 graus. E devido à minha transformação interior, eu também lhe parecerei diferente. De acordo com o ensinamento de Daishonin da inseparabilidade do pessoa e seu ambiente, sua mudança de postura para comigo será inquestionável.
3. Energia vital
A energia vital de um Buda é eternamente indestrutível. Nada pode afetar frustrar, irritar, intimidar, desanimar, desonrar ou destruir tal poderosa energia vital.
Em qualquer circunstância, nenhuma situação deve ser um problema para mim nem afetar-me ao mínimo. Todos os desafios, preocupações e adversidades somente ajudam a forjar-me como alguém ainda mais forte.
Nitiren Daishonin diz: “Quanto mais o ouro é aquecido nas chamas, mais brilhante é a sua cor”. (Carta a Myomitsu Shonin, END, vol. 5, pág. 242)
Obrigada, chefe! Proporcionou-me as chamas com as quais fundir minha energia vital. Definitivamente farei o melhor uso delas.
4. Felicidade absoluta
O estado de vida de Buda abarca tudo. Está dotado com a absoluta felicidade apesar de qualquer circunstância.
Um Buda vê o verdadeiro aspecto de todo fenômeno. Vê a causa e o efeito, e por isso, vê o passado, presente e futuro. Vendo-a desta perspectiva, por conseguinte, esta situação com minha chefe deve servir, num nível mais profundo, como uma fonte de felicidade. Não acabo de despertar a esta verdade, sentindo positivamente que posso encontrar felicidade a partir deste acontecimento aparentemente penoso?Graças a ela, agora tenho a oportunidade de experimentar o poder total da minha natureza de Buda inata. Exercendo-a sinceramente, assegurar-me-ei de conduzir meu destino em toda sua dimensão, como desejar meu coração, em cada um dos seus aspectos.
29 de Outubro de 2001
Hoje sorriu-me por um instante quando a cumprimentei sorrindo amplamente.
A oito dias de colocar-nos as duas no mundo da budicidade, dialogando com ela mediante meu Daimoku, manifestou-se à primeira luz. Continuarei enviando-lhe Daimoku junto com meu grande sorriso.
1° de Novembro de 2001
Quando entreguei-lhe um relatório, fez menção à festa de final de ano. Queria que eu planejasse e coordenasse uma curta dinâmica engraçada para o evento. Explicou-me que devido à situação do seu filho, não conseguia concentrar-se para preparar algo divertido.
Tenho que aproveitar esta oportunidade para utilizar meu coração e meu Daimoku para aproximar-me.
6 de Novembro de 2001
Convidou-me para almoçar. Demonstrei-lhe meu agradecimento. Então abriu-se comigo. Pude de forma concisa incentivá-la com os ensinamentos que tenho aprendido na minha prática budista. Irei orar pela sua felicidade ainda mais sinceramente.
9 de Novembro de 2001
Pela primeira vez desde que trabalho com ela, agradeceu-me por ser uma útil ajuda e por ser sua amiga. Vi que seu rosto tornava-se mais resplandecente. Parecia contente. Fiz-lhe saber meu sincero elogio a respeito do brilho da sua expressão.
16 de Novembro de 2001
Desculpou-se comigo, dizendo que tinha cometido um erro com minha avaliação.Perguntou-me se ainda queria ser sua assistente. Disse que precisava de mim. Convidou-me para ir à sua casa no final de semana seguinte. É um sonho?
16 de Novembro de 2001
Não se desmarcou o convite de ontem. Continua em pé! Está acontecendo! Amo minha natureza de Buda e a sua também! Amo Nitiren Daishonin e meus companheiros e amigos!



O endereço eletrônico de Jeanny é: happyjeanny@hotmail.com
Tradução: Ariel Ricci aricci@estadao.com.br
Revisão: Marly Contesini contesini@estadao.com.br

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