"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

4 de jan. de 2009

CARMA

As enfermidades podem classificar-se em dois tipos: leves e graves. O diagnóstico precoce feito por um médico experiente cura até as enfermidades graves, sem mencionar as leves.
O carma também pode dividir-se em dois tipos: mutável e imutável. A prática fervorosa transformará o carma imutável, sem mencionar o mutável.
O sétimo volume do Sutra de Lótus diz: "Este Sutra é o melhor remédio para toda a humanidade". Todos os ensinamentos do Buda são infalivelmente verdadeiros desde o imensurável passado. Deles, o Sutra de Lótus é o mais exato, tal como o expressa em uma parte: "Honestamente, descarte os ensinos provisórios". O Buda Taho verificou isto e todos os Budas atestaram sua validez. Então, como pode ser falso?..."(Gosho "transformação do Carma Imutável" – Gosho Zenshu, pág. 985-986)
"Não posso remediá-lo. É meu carma". Isto é o que costumam dizer os membros quando enfrentam uma situação difícil durante um período longo, seja física, financeira ou psicológica e que não sabem modificar. Mas se concebem o carma a partir deste ponto de vista, não se diferenciam daquelas pessoas que acham que devem obedecer devotadamente à vontade de Deus por mais infelizes que sejam, ou daqueles que culpam a sociedade por seus sofrimentos e simplesmente esperam que ela os faça felizes. Este não é o uso correto da palavra "Carma". Vou explicar exatamente o que significa "Carma", como funciona e como enfrentá-lo.
Carma tem dois significados:
Primeiro significa "ações", mentais, físicas ou verbais: Dizendo de uma forma simples, são nossos pensamentos, palavras e ações. Segundo, quando você pensa, fala ou escuta, isto exerce uma certa influência sobre seu futuro; assim como uma promessa que tenha feito, ele exige que se cumpra. Uma força resultante destas três classes de ações está latente em sua vida esperando o momento de manifestar-se. Neste sentido, Carma, como força latente, se assemelha as sementes das plantas, que alimentadas pela influência externa do sol, da água e de outros nutrientes, crescem e amadurecem para dar frutos.
Nossas ações podem ser classificadas em três tipos: boas, más e neutras. Por exemplo: ajudar a uma criança que se afoga é bom, matar um animal é mau e passear pelo parque é neutro. Porém, um exame mais minucioso, sem dúvida, nos mostra que sob uma mesma ação escondem motivos diferentes. Matar um animal por prazer, por exemplo, não é o mesmo que matar um animal para alimentar-se. Em termos gerais, as ações que provenientes do bem, ou ilusões, tais como a cobiça, a ira e a estupidez, são más, e aquelas provenientes da compaixão e misericórdia são boas. As boas ações originam um bom carma ou uma força que o leva a ser feliz. As más ações dão lugar a um mau carma, ou força que o leva a ser infeliz. O carma como uma força, seja boa ou má, fica latente em nossa vida até que algum fator externo o ative e torne-se manifesto. Esta é a Lei de Causa e Efeito tal como se explica no Budismo.
Como disse antes, existem três tipos de ações: mental, verbal e física. No geral as três estão integradas. Por exemplo, devido ao fato de vocês desejarem saber mais sobre o Budismo de Nitiren Daishonin, vieram até aqui para presenciar esta conferência. Vosso espírito de procura é mental e a ação de chegar até aqui é físico. Aqui vai outro exemplo: Suponhamos que alguém pise no pé de uma pessoa de temperamento explosivo. Esta se irrita tanto que se nega a perdoá-la, quando pede desculpas e pôr isso discutem saindo às tapas. Desta maneira, o mau caráter do homem origina um mau carma através das três classes de ações: mental, verbal e física. Em poucas palavras, uma ação mental dá lugar a ações verbais e físicas originando um carma mais profundo. Então, a mesma ação física formará um carma menor ou maior, dependendo da intenção. Isto pode ser tanto carma bom como mau.
Suponhamos que você encontre um menino afogando-se no rio. Sente pena dele e joga-se na água para ajudá-lo. Naturalmente ao salvar o menino você origina um bom carma. O ato de eliminar a vida alheia é negativo, o mérito de salvar uma vida é proporcionalmente positivo. Mas se você sente apenas pena e não ajuda por não querer fazer um mau a si mesmo, posso dizer que está formando um pequeno carma positivo por haver sentido pena mesmo quando não fez esforços para resgatá-lo? Claro que não. Mesmo que não tenha a intenção deliberada de matar o menino, sua indiferença diante do fato de estar afogando-se, o conduz a morte. Assim, sua indiferença origina um mau carma. Em tal caso, sem dúvida se lamentará por isso pelo resto de sua vida. Este exemplo mostra claramente que o que você pensa, diz ou faz não termina neste momento e continuará influenciando-o depois.
Em muitos casos, você receberá em vida tanto a recompensa por seu bom carma como a retribuição por seu carma negativo. Mas se você forma um carma extremamente positivo, este continuará na próxima existência. Similarmente, se cria um carma negativo, também continuará na existência seguinte. Aqui se torna indispensável falar do carma que se arrasta desde existências passadas. Examinemos as razões para dizer que existe carma semelhantes. Nós não podemos ver o carma em si, pois se trata de uma questão de crer ou não crê. Mas porque existem tantas diferenças entre as pessoas desde o momento em que nascem? Foi a vontade de Deus ou mera coincidência que ele tenha nascido em sua família atual e não em outra? Para responder estas perguntas devemos pensar na "vida antes do nascimento". Muita gente faz conjecturas sobre a vida depois da morte, mas comparativamente, poucos pensam na vida antes do nascimento.
A ciência não pode provar nem refutar que a vida é eterna. Os problemas da vida e da morte pertencem ao campo da filosofia e da religião. Se alguém pressupõe que há vida depois da morte, é igualmente razoável pressupor a vida antes do nascimento. A eternidade da vida significa que ela não tem princípio nem fim. Este é o conceito budista da eternidade, que é extremamente difícil de compreender. Esta dificuldade surge em parte porque a todos parece óbvio que a vida começa com o nascimento e conclui com a morte, em parte porque a eternidade em si não é algo fácil de compreender. Se alguém crer em um ser supremo, também tenderá a crer que seu destino está nas mãos desse ser. Mas se alguém nega a existência de tal ser, deve perguntar-se o que determina seu destino, a não ser que acredite que tudo na vida acontece por casualidade. O Budismo nega o conceito de sorte ou destino como uma força externa que determina o curso de nossa vida. Tão pouco sustenta a idéia de que todas as coisas acontecem por coincidência.
CARMA E LIVRE ARBÍTRIO
De acordo com o Budismo, o fato de a pessoa nascer em diferentes circunstâncias com características distintas é o resultado de seu carma de vidas passadas. Sem dúvida, estes não são os únicos fatores que determinam o tipo de vida que cada um tem. O que ela faz levando em consideração essas características é igualmente importante. O carma e o livre arbítrio são idéias complementares. Como o bem e o mau, um não pode existir sem o outro. Pelo livre arbítrio, a pessoa acredita no seu próprio carma, tanto bom quanto mau. Esse carma põe restrições na sua vida, mas seu livre arbítrio continua existindo. Por suposto, a vontade da pessoa não pode ser totalmente livre, porque ela deve decidir ou eleger dentro do contexto das condições dadas. Mas se não houvesse livre arbítrio, então tudo o que alguém pensasse, dissesse ou fizesse deveria estar pré-determinado pelo que necessitasse de responsabilidade sobre suas ações. Aqui é onde o carma se diferencia bastante do determinismo. A respeito, podemos dizer que existem dois tipos extremos de religião. Uma ensina que os seres humanos são débeis, por isso devem confiar em um ser supremo para ser salvo. O outro insiste em que a iluminação existe na mente humana e por isso o homem não deve buscar a nenhum ser ou coisa em que se apoiar. O primeiro tipo está representado pelo Cristianismo e pela seita budista da Terra Pura. O segundo, pelo Zen Budismo.
O Budismo de Nitiren Daishonin representa um terceiro ponto de vista. Percebe tanto a debilidade como a força dos seres humanos e deposita as condições de vida iluminada em uma mandala com a qual a pessoa pode exteriorizar sua natureza de Buda. Em seus escritos Nitiren Daishonin nos incentiva a aprofundar nossa fé e nossa prática de maneira cada vez mais diligente para obter a iluminação. Isto se deve ao fato dele confiar na vontade do ser humano, em seu desejo de superação.
Em uma carta dirigida a seu discípulo Shijo Kingo, Nitiren Daishonin escreveu: "Um homem verdadeiramente sábio não será arrebatado por nenhum dos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honraria, elogio, censura, sofrimento e prazer. Não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o declínio". O budismo enfatiza a importância da vontade. O Buda é chamado Jijuyushin, o Buda da absoluta liberdade. Isto significa que ele pode usar sua vida como deseja. Goza da maior liberdade possível. É certo que existem muitas restrições físicas e sociais neste mundo, mas em vez de sentir-se desanimado por ela, o Buda as utiliza para desenvolver-se.
Em épocas anteriores as pessoas utilizavam a faculdade da água para manter coisas flutuando e assim transportavam cargas pesadas que não se podiam levar por terra da mesma maneira; podemos usar o poder da força vital para arrastar a pesada carga de nosso carma. Jossei Toda, segundo Presidente da Soka Gakkai, ilustrava freqüentemente este ponto com o exemplo de escalar a montanha. Se uma pessoa jovem e vigorosa escala uma montanha arrastando um peso de cinquenta quilos em suas costas não sentirá nenhuma moléstia em particular e desfrutará da maravilhosa paisagem que tem em baixo. Mas se uma pessoa fraca e doente sobe a montanha com o mesmo peso, lhe parecerá que o trajeto é torturante e não poderá desfrutar da paisagem. Fracos ou fortes todos devemos escalar a montanha da vida para desfrutar dela o melhor possível. Em conclusão, a forma de fortalecer nossa energia vital é acreditar e recitar daimoku frente ao Gohonzon. Você poderá se perguntar se podemos ou não erradicar nosso carma antes que ele afete nossas vidas. Uma passagem do Gosho "Prolongando a Vida" assinala: "O carma pode também ser dividido em duas categorias: mutável ou imutável. O arrependimento sincero erradicará mesmo o carma imutável, sem falar no carma que é mutável". O Sutra Fugen diz: "Se deseja fazer "zangue" (arrependimento de seu carma negativo) sente-se ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida. Assim, todas suas ofensas do passado desaparecerão como o orvalho congelado ou o sereno, com a luz do sol da eterna sabedoria". As palavras "erradicar" e "desaparecer" nessas citações são muito confortadoras. Mas Nitiren Daishonin não escreveu que não podemos evitar nosso mau carma. Ele disse: "O arrependimento sincero erradicará até o carma imutável". O arrependimento sincero só é possível quando você experimenta alguma dificuldade e compreende que é devido a seu carma. Com isso podemos entender que o carma não desaparecerá antes que os seus efeitos se manifestem nesta existência. Então o que podemos fazer com relação ao nosso carma? Já demos a resposta quando falamos sobre o Sutra Fugen, anteriormente. Disse: "Sente-se ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida". No Budismo de Nitiren Daishonin isto significa recitar daimoku devotadamente ao Gohonzon. Assim, "a luz do sol da eterna sabedoria", que Daishonin define como Nam-myoho-rengue-kyo se manifesta em nossas vidas. Com a força vital de Nam-myoho-rengue-kyo podemos experimentar os efeitos de nosso mau carma em forma muito mais atenuada e erradicá-lo em um tempo consideravelmente curto.
CAUSA FUNDAMENTAL
O Budismo ensina que qualquer carma por mais negativo que seja, é erradicado uma vez que a pessoa experimenta o efeito. Por isto Nitiren Daishonin afirma no Gosho: "Sem os guardiões do inferno para atormentá-los, nunca poderiam sair do inferno". Esta passagem pode parecer atemorizante, mas implica que ninguém ficará confinado no estado de inferno durante a eternidade, não importa que calúnia tenha cometido. Não existe inferno eterno no Budismo.
O nosso mau carma é erradicado uma vez que experimentamos recitar daimoku ao Gohonzon? Dizendo de outra forma: se alguém deve experimentar seu mau carma mesmo abraçando o Gohonzon, qual é o propósito da fé e da prática? Já tratei sobre este tema, mais darei uma explicação mais detalhada. Em primeiro lugar, se alguém não abraça o Gohonzon, quando sofre o efeito de seu mau carma, pode não ser capaz de suportá-lo e ao tentar fugir do sofrimento, criará um carma mais negativo. Por exemplo, suponhamos que uma pessoa é tão pobre como um rato de igreja e não pode alimentar a sua família. Se não compreende que sua pobreza se deve ao seu próprio carma, pode ceder a tentação de tomar dinheiro emprestado. As duas atitudes são semelhantes e da mesma maneira, agravará seu carma. Em resumo, se verá preso em um círculo vicioso sem poder descobrir a saída. Segundo, mesmo quando a pessoa suporta pacientemente os efeitos de seu carma negativo esperando até que este desapareça, não é certa que a balança de seu carma credite causas boas ou positivas. Através de seu esforço pode melhorar até um certo ponto, mas não transformá-lo fundamentalmente. Além do mais, se seu mau carma não é erradicado nesta vida, continuará sofrendo na próxima existência. É extremamente importante não só erradicar o mau carma como também simultaneamente acumular carma positivo. O progresso maior em nossa "balança cármica" será obtido através da fervorosa prática do Budismo de Nitiren Daishonin. Terceiro, sem a prática budista não temos forma de ter controle sobre o que parece ser injustiças da vida, ou seja, causas feitas nesta vida que nem sempre parecem ter as recompensas correspondentes.
O Grande Mestre Tien-tai trata sobre esse problema em seu Hokke-Gengi, o "Profundo Significado do Sutra de Lótus". Suponhamos que tenha uma pessoa que goste de caçar e assim desfrute de uma longa vida e outra que faz doações ao Buda mais é pobre. Os sutras explicam que a retribuição por matar seres vivos leva a uma vida breve, mas, logicamente ele que adora caçar teria que morrer antes daquele que não gosta. Aquele que faz doações ao Buda também teria que ser recompensado com boa sorte. Mas como explicou Tien-tai, na realidade existem casos opostos. Por que existem essas contradições? Tien-tai deu a seguinte resposta: "As doenças e sofrimentos que temos no presente se devem a todas as causa feitas no passado, e as ações importantes que faço em minha vida presente serão recompensadas no futuro".
Mas nós queremos desfrutar de uma vida feliz agora, nesta existência. Não queremos esperar a próxima. Nitiren Daishonin compreendeu nosso sentimento e assinalou no "Verdadeiro Objeto de Adoração" "As práticas da Sakyamuni, as virtudes que conseqüentemente obtenho estão incluídas na simples frase de Myoho-rengue-kyo". Se acreditarmos nesta frase, naturalmente seremos recompensados com os mesmos benefícios que ele"
Nitikan Shonin, o 26º Sumo Prelado, interpreta esta passagem dizendo que "As práticas de Sakyamuni e as virtudes que conseqüentemente obteve" implicam nas práticas e virtudes de todos os Budas. Logo concluiu que as práticas de Nitiren Daishonin e as virtudes que conseqüentemente obteve estão incluídas na simples frase Myoho-rengue-kyo, ou seja, no Gohonzon. Esta passagem significa que se cremos e recitamos o daimoku frente ao Gohonzon, podemos estar seguros de alcançar a iluminação. O Sr. Toda explicou a implicação prática desta passagem ao dizer: "Ainda que alguém não tenha acumulado boa sorte nas existências passadas e não pode viver uma vida feliz no presente, se abraça o Gohonzon pode adquirir uma enorme boa sorte nessa existência". Por isso é que o Budismo de Nitiren Daishonin é denominado do Budismo da Verdadeira Causa, a causa fundamental para atingir a iluminação. Uma quarta razão está vinculada com isto. Se você pratica como ensinou Daishonin, não só pode enfrentar e superar seu carma negativo com uma força vital transbordante, ao mesmo tempo pode desenvolver a condição de vida iluminada. Se for derrotado por seu carma também sofrerá na próxima existência. Então, o que significa transformar o mau carma? Se, por exemplo, um membro morre em um acidente, significa isto que não pode transformar seu carma e alcançar a iluminação? Este é um ponto muito difícil. Permita-me citar algumas passagens do Gosho "Amenizar o Efeito Cármico" ensina: "Se nosso carma negativo não é erradicado nesta vida, pode transformar-se em um inferno de incessantes sofrimentos, no futuro; mas se vivemos dificuldades extremas nesta vida, os sofrimentos do inferno desaparecerão instantaneamente. Quando morremos obtemos os benefícios da alegria e tranqüilidade assim como os três veículos e o veículo supremo". Carta aos Irmãos" diz: "Ao sofrer a morte súbita da tortura, a calúnia, a humilhação, os ataques com chicotes e laços, a prisão, a fome, as adversidades e outras dificuldades relativamente menores nesta vida, ele não terá que cair no inferno".
ELEVANDO NOSSO ESTADO DE VIDA
Em essência, não importa que destino possa afetar a um devoto nesta vida, nunca cairá nos quatro estados inferiores: inferno, fome, animalidade e ira. Em troca estará em estados de vida mais elevados, provavelmente no de Buda, dependendo da força de sua fé. Em qualquer caso, o devoto pode erradicar seu carma negativo enfrentando-se com o dito destino. Assim poderá alcançar a budicidade no momento de sua morte ou poderá renascer como ser humano na próxima vida e praticar este Budismo sem esse carma negativo, alcançando então a iluminação.
Espero que entendam porque o Gohonzon é necessário para erradicar seu mau carma. É errado dizer: "Não posso evitá-lo. É meu carma".
Precisamente porque algo é parte de seu carma é que você pode transformá-lo através de seus esforços. Se ele for imposto por um ser supremo não poderia fazer nada por ele. Mas, porque temos o Gohonzon, nós mesmos podemos superar qualquer sofrimento e usá-lo logo para manifestar nossa natureza de Buda. Quem sabe um de seus grandes interesses seja que na próxima existência possa erradicar completamente seu mau carma no presente. Como seres humanos queremos viver uma vida feliz, livre de qualquer tipo de problema. Podemos levar uma vida assim ao renascer? Infelizmente não. Por quê? Porque renascemos entre gente com muitos problemas, e ao tratar de ajudá-los nos veremos envolvidos em suas dificuldades. Sem dúvida, mesmo que tenhamos problemas, não será a causa de nosso carma negativo e sim a causa de nossa compaixão e esforço por ajudar aos demais como bodhisatvas. Podemos sofrer, mas, basicamente, teremos uma sólida força vital e seremos capazes de transformar nossos sofrimentos em felicidade tal como os surfistas que desfrutam romper as ondas do mar em cima de suas pranchas. Assim já não existirá o temor das dificuldades. Se a felicidade significasse a ausência total de problemas, tudo se converteria em tédio. Ou ainda, quando não se aborrece, tampouco está chegando a nada. Se quisermos alcançar algo grande, devemos enfrentar e superar diversas dificuldades. Assim só dessa maneira, poderemos experimentar a profunda alegria da realização. A sensação de plenitude é essencial para a verdadeira felicidade. O décimo capítulo do Sutra de Lótus assinala: "Que seja, o Rei da Medicina (Bodhisattva Yakuo); que esta gente abandonará por si mesma os benefícios de seu carma purificado e trará minha extinção, sem compaixão pelos seres animados, nascerei no mundo e propagarei amplamente este Sutra". Em essência, os que crêem e recitam daimoku frente ao Gohonzon, purificam seu carma, mas decidirão aparecer entre as pessoas infelizes para propagar a fé no Gohonzon, para que atinjam a felicidade.
Os efeitos de nosso carma passado, tanto bons como maus tendem a manifestar-se em nossas tendências de vida atual mais do que nas circunstâncias particulares. Por tendência de vida quero dizer aquele ou aqueles entre os dez estados que aparecem com mais freqüência na vida cotidiana. Se uma pessoa tem a tendência do estado de inferno, será muito facilmente influenciada pelas circunstâncias que originam sofrimento. Se uma pessoa tem a tendência de vida de Bodhisatva, tratará de ajudar os demais se estes sofrem. Assim, nossa tendência vital bem pode ser chamada carma. Este carma causa tanto a felicidade como a infelicidade através de sua inter-relação com os fatores externos. Por tanto, é necessário fazer um esforço constante para elevar nossa tendência de vida a de Bodhisatva ou Buda com fé no Gohonzon. Este é o processo da revolução humana. Em termos de fé e de prática, a iluminação inerente em nós é a suprema tendência de vida e o Gohonzon é o fator supremo externo. A fusão deles dois, ou seja, orar daimoku fervorosamente frente ao Gohonzon, nos permitirá desfrutar uma vida mais significativa.
Para concluir minha conferência, gostaria de dizer que abraçar o Gohonzon é a maior boa sorte que podemos ter, porque com fé nele, podemos experimentar nossa retribuição cármica muito mais amenizada ao mesmo tempo criar um novo carma para uma verdadeira felicidade. Espero que nunca sejam derrotados pelo carma negativo, mas que o transforme fazendo ainda mais daimoku frente ao Gohonzon.
Nitiren Daishonin nos ensinou: "Creia neste Gohonzon com todo seu coração. Nam-myoho-rengue-kyo é como o rugido do leão. Por tanto, que doença pode ser um obstáculo?" Assim mesmo, nos ensinou: "Aqueles que crêem no sutra de Lótus acumularão boa sorte até dez mil milhas de distância". Com estes ensinamentos em mente, encaremos valentemente nossa prática budista tal como Nitiren Daishonin o indica: "A poderosa espada do Sutra de Lótus deve ser manejada por alguém corajoso na fé".

Colaboração: Selvis Stocel (s3234@yahoo.com)
Tradução: Cristina Grimaldi Muniz (cristinagrimaldi@uol.com.br)
Revisão: Rita de Cássia Ribeiro ( ricasri@hotmail.com )

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