Shijo Kingo, um discípulo exemplar (1)
(Brasil Seikyo, edição nº 1670, 05/10/2002, página A6.)
Shijo Kingo é um dos mais conhecidos seguidores de Nitiren Daishonin, tendo sido um de seus discípulos mais próximos. Nasceu em 1230 e seu nome completo era Shijo Nakatsukasa Saburo Zaemon-no-jo Yorimoto. Sucedeu seu pai em servir à família Ema, pertencente ao clã Hojo, mantendo uma conceituada reputação perante o Lorde Ema Mitsutoki. Além de sua habilidade como samurai, possuía um excelente conhecimento de Medicina.
Kingo converteu-se ao budismo por volta de 1256, aos 26 anos de idade, na mesma época em que outros discípulos, tais como os irmãos Ikegami e Kudo Yoshitaka, também tornaram-se seguidores de Nitiren Daishonin. Percebendo que com a prática do budismo o povo japonês poderia superar os sofrimentos que enfrentava, abraçou de forma fervorosa os ensinamentos de Nitiren Daishonin e enfrentou vários desafios para dar continuidade a sua fé. Nessa época, havia três anos que Daishonin tinha estabelecido seu budismo com a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo pela primeira vez. Posteriormente, Shijo Kingo tornou-se um dos personagens centrais entre os discípulos leigos de Nitiren Daishonin da região de Kamakura. Juntamente com outros seguidores, como por exemplo Toki Jonin, dedicou-se constantemente a apoiar e proteger o Buda Original.
Durante toda sua vida, Shijo Kingo recebeu diversas cartas de Nitiren Daishonin, as quais continham inúmeros incentivos não só sobre a prática da fé, mas também sobre a conduta e o comportamento que deveria ter no dia-a-dia, especialmente com seus colegas de trabalho e com o Lorde Ema. As frases abaixo foram extraídas das cartas recebidas por Kingo:
“Por outro lado, não deve comentar com outras pessoas lamentando-se de que este mundo é difícil de ser suportado. Se o senhor proceder dessa forma, estará agindo contra a atitude de um sábio.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 296.)
“O senhor deve tornar-se um indivíduo que as pessoas de Kamakura possam comentar que Nakatsuka Saburozaemon-no-jo foi brilhante em servir ao soberano, ao budismo e às pessoas da sociedade.” (Ibidem, pág. 297.)
“Aceitá-la [a fé] é fácil, mas mantê-la é difícil. Porém, a iluminação encontra-se no ato de mantê-la.” (Ibidem, pág. 281.)
“Os infortúnios de Kyo’o Gozen serão mudados em boa sorte. Reúna a sua fé e ore a este Gohonzon. Então, o que é que não pode ser alcançado?” (Ibidem, pág. 276.)
“Recebi a notícia do nascimento de seu bebê. Parabéns! Como seu bebê nasceu num dia tão feliz, seu desejo realizou-se tal como a maré reflui ou as flores silvestres abrem-se na primavera. Assim, apressei-me em dar-lhe um nome. Chame-o Tsukimaro.” (Ibidem, pág. 257.)
Os diversos escritos de Daishonin revelam que Shijo Kingo foi uma pessoa corajosa, leal, franca e impulsiva. Ele deixou registrado na história o exemplo de um digno praticante e, além disso, o comportamento de um verdadeiro discípulo, disposto a defender seu mestre com sua própria vida
Shijo Kingo, um discípulo exemplar
Shijo Kingo, um discípulo exemplar (2)
(Brasil Seikyo, edição nº 1672, 19/10/2002, página A5.)
Uma das passagens marcantes da vida de Shijo Kingo ocorreu durante a perseguição de Tatsunokuti, ocasião em que demonstrou seu espírito de proteger seu mestre com sua própria vida. Nessa perseguição, ocorrida em 12 de setembro de 1271, os guerreiros liderados por Hei-no-Saemon conduziam Daishonin para Tatsunokuti com o plano de executá-lo. No trajeto até a praia de Tatsunokuti, o cortejo passou próximo à residência de Shijo Kingo, que, ao tomar conhecimento do que ocorreria, imediatamente correu para acompanhar seu mestre determinado a morrer a seu lado, caso fosse executado. Contudo, no momento da execução, um objeto brilhante cruzou o céu, iluminando toda a praia e amedrontando os guerreiros, e o plano de acabar com a vida de Nitiren Daishonin foi malsucedido.
A relação entre Shijo Kingo e Nitiren Daishonin é um exemplo de unicidade de mestre e discípulo, conforme o Buda Original descreve nesta passagem das escrituras: “O senhor acompanhou Nitiren, jurando dar sua vida como um devoto do Sutra de Lótus. Seu feito é infinitamente maior do que o de Hung Yen, que rasgou seu estômago e inseriu o fígado de seu falecido lorde, Yi Kung, para salvá-lo da humilhação e desonra. Quando alcançar o Pico da Águia, em primeiro lugar contarei que Shijo Kingo, como Nitiren, decidiu morrer pelo Sutra de Lótus.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin [END], vol. 3, pág. 196.)
Daishonin confiou a Shijo Kingo importantes tratados, como por exemplo “Abertura dos Olhos”, um dos seus dez principais escritos, que revela o Objeto de Devoção em forma de pessoa. Além disso, diante das dificuldades impostas pelo Lorde Ema devido a sua fé no Budismo de Daishonin, Kingo recebeu do Buda Original diversas cartas enfatizando a importância de estar ao lado das pessoas que enfrentam dificuldades, incentivando-o a manter a firme lealdade ao Lorde Ema. Foi ainda um dos poucos discípulos que recebeu o Gohonzon antes da inscrição do Dai-Gohonzon. Isso pode ser comprovado quando, em 1273, Nitiren Daishonin escreveu uma carta à segunda filha de Shijo Kingo, intitulada “Resposta a Kyo’o”, dizendo: “Creia neste Gohonzon com todo o seu coração. O Nam-myoho-rengue-kyo é como o rugido do leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (END, vol. 1, pág. 275.)
Em todas as ocasiões, a convicção de Kingo era a de jamais abandonar o budismo, não importando o que ocorresse. Depois de algum tempo, ele reconquistou a confiança do Lorde Ema e também tudo o que havia perdido, recebendo um feudo três vezes maior do que aquele que possuía anteriormente. Nos últimos anos da vida de Nitiren Daishonin, como profundo conhecedor da Medicina, Kingo acompanhou-o de perto e lhe prescreveu diversos medicamentos.
Shijo Kingo faleceu em 13 de março de 1300. Manteve firmemente sua fé durante os 44 anos em que praticou o Budismo de Nitiren Daishonin, seguindo o verdadeiro caminho de mestre e discípulo. Dedicou-se também em proteger a todo o custo todos os discípulos de Daishonin, mesmo arriscando sua própria vida.
Certamente, mesmo nos dias de hoje, o exemplo de Shijo Kingo e as diversas orientações recebidas por ele diretamente do Buda Original devem servir como importante referência para todos nós, que buscamos o caminho correto para a comprovação dos benefícios da prática budista em meio à realidade da vida diária
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