"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

15 de jan. de 2009

Quatorze calúnias

(Brasil Seikyo, edição nº 1779, 15/01/2005, página A7.)


A prática da fé reflete-se nas atitudes diárias

Podemos dizer que nossos sofrimentos são todos causados devido ao nosso mau carma criado no passado?

É bastante comum a postura de atribuirmos todos os nossos sofrimentos a um carma negativo que formamos em alguma época no passado. No entanto, quando nos aprofundamos no estudo do budismo entendemos que muitas dessas dificuldades não são necessariamente efeitos de ações passadas, mas ao contrário, resultam de atitudes que praticamos no dia-a-dia que nada têm a ver com os ensinamentos budistas.

Muitas dessas atitudes são, na realidade, contrárias aos ensinamentos budistas movidas principalmente por influências dos ensinos provisórios, crenças e costumes regionais que incorporamos antes mesmo de conhecer o budismo. Há também aquelas que acabamos aceitando devido à influência da própria sociedade atual. Dessa forma, mesmo que nos dediquemos intensamente na recitação do Gongyo e Daimoku, nossos benefícios são reduzidos ou até mesmo apagados pelo que chamamos, no budismo, de calúnias.

Quando Nitiren Daishonin encontrava-se no Monte Minobu, recebeu oferecimentos de um seguidor chamado Matsuno Rokuro Zaemon que certa vez questionou-o sobre a diferença dos benefícios obtidos quando um sábio recita Daimoku e quando nós recitamos. Nitiren Daishonin responde da seguinte forma: “Não existe diferença nos benefícios do Daimoku. O ouro é o mesmo, seja nas mãos de um tolo ou de um sábio. Contudo, existirá uma diferença caso recitar Daimoku opondo-se ao espírito do Sutra de Lótus.”

Na sequência desta carta, Daishonin cita um trecho das “Anotações sobre Palavras e Frases do Sutra de Lótus” (Hokke Mongu Ki) de Miao-lo, em que explana sobre o espírito do Sutra de Lótus, referindo-se às quatorze calúnias: “Um erudito enumera os tipos de males da seguinte forma: ‘São quatorze as causas do mal: 1) arrogância, 2) negligência, 3) julgamento egoístico, 4) julgamento superficial, 5) avareza, 6) recusa à compreensão, 7) descrença, 8) recusa a ouvir, 9) dúvida errônea, 10) calúnia, 11) desrespeito aos crentes, 12) ódio aos crentes, 13) desconfiança aos crentes, 14) inveja aos crentes’. Estas quatorze calúnias aplicam-se igualmente aos clérigos e aos leigos. Quão temível é o pecado de cometer qualquer uma destas calúnias.”

Do ponto de vista do budismo de Nitiren Daishonin, as dez primeiras referem-se a calúnias contra o próprio budismo e as quatro últimas contra as pessoas que abraçam o Gohonzon e praticam o verdadeiro budismo. Portanto, uma pessoa que acredita e coloca em prática o budismo com toda a seriedade estará deixando de cometer as dez primeiras calúnias de forma natural. Porém, de acordo com esta passagem, ainda restam quatro causas que podem obstruir os benefícios que são relacionadas a atos contra os seguidores do budismo. Assim, aqueles que praticam o budismo devem estar constantemente atentos para não cometerem uma das quatro últimas calúnias. “Desrespeito”, “Ódio”, “Desconfiança” e “Inveja” em relação àqueles que abraçam o Gohonzon e praticam o budismo. De acordo com este trecho da escritura de Nitiren Daishonin, quando se comete uma destas calúnias, mesmo que se recite Daimoku, e independentemente se é clérigo ou leigo, não se conquista benefícios.

Daqui podemos entender que é importante que todos aqueles que abraçam o Gohonzon intensifiquem dia após dia sua prática da fé e avancem continuamente visando a sua própria felicidade absoluta e o Kossen-rufu mundial, nunca se esquecendo de prezar e respeitar os demais companheiros que também oram diante do Gohonzon.



Quatorze calúnias (2)
(Brasil Seikyo, edição nº 1780, 22/01/2005, página A7.)


Aprimorar a fé e respeitar as pessoas

Pergunta: Poderia explicar mais detalhes sobre as quatorze calúnias que obstruem nossos benefícios no budismo?

Conforme pudemos acompanhar na primeira parte deste tema, as quatorze calúnias são citadas no escrito “Resposta ao Lorde Matsuno” e também no terceiro capítulo Hiyu (“Parábolas”) do Sutra de Lótus. Elas são enumeradas da seguinte forma: (1) arrogância; (2) negligência; (3) julgamento arbitrário e egoísta; (4) compreensão presunçosa e superficial; (5) apego aos desejos mundanos; (6) falta de espírito de procura; (7) falta de crença; (8) aversão; (9) dúvida ilusória; (10) difamação; (11) desprezo; (12) ódio; (13) inveja e (14) rancor. Do ponto de vista do Budismo de Nitiren Daishonin, as dez primeiras referem-se a calúnias contra o próprio budismo e as quatro últimas contra as pessoas que abraçam o Gohonzon e praticam o Verdadeiro Budismo.

A arrogância (1) refere-se à atitude das pessoas que desprezam os ensinos budistas julgando-se acima deles. A negligência (2) na prática da fé refere-se à falta de dedicação nos três princípios da fé, da prática e do estudo. O julgamento arbitrário e egoísta (3) manifesta-se quando a pessoa faz uma interpretação parcial dos ensinos budistas. Ocorre quando ela simplesmente julga o budismo unicamente com base em sua própria opinião e conveniência. A compreensão presunçosa e superficial (4) existe na falta de entendimento profundo do budismo ao mesmo tempo em que não se procura aprimorá-lo. Esta atitude é comum nas pessoas que não buscam o estudo do budismo. O apego aos desejos mundanos (5) ocorre quando a pessoa dedica-se a alcançar seus objetivos sem ter como base a prática da fé. A falta de espírito de procura (6) é observada quando não existe o empenho em compreender os ensinos budistas, impossibilitando a pessoa até mesmo de diferenciar o budismo de outros ensinos.

A falta de crença (7) é notada na total falta de fé no budismo. A aversão (8) é manifestada pela oposição e crítica direta aos ensinos budistas. A dúvida ilusória (9) é caracterizada pela desconfiança e dúvidas com relação à efetividade deste ensino. A difamação (10) encontra-se no ato de menosprezar o ensino visando rebaixar a grandiosidade do budismo.

O desprezo (11) é observado no ato de menosprezar os seguidores budistas. O ódio (12) é notado na falta de tolerância contra praticantes do budismo numa clara manifestação do domínio do estado de ira. A inveja (13) aos praticantes tem como meta a destruição da união harmoniosa da ordem budista. Finalmente, o rancor (14) refere-se aos ressentimentos guardados contra os praticantes budistas.

Em um discurso, o presidente Ikeda cita as palavras do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, que, referindo-se às calúnias cometidas pelos clérigos da Nitiren Shoshu em sua época, escreveu: “A calúnia contra a Lei não está limitada às pessoas que não abraçam a fé nem se aplica somente àquelas de outras escolas de Nitiren que acreditam em ensinos heréticos. Ela se aplica até mesmo aos seguidores do Verdadeiro Budismo que nutrem inveja daqueles que sinceramente conduzem uma vida de grande bem. Essas pessoas são descritas com estas palavras: ‘Embora essas pessoas acreditem no Sutra de Lótus, não obterão benefício e em vez disso incorrerão em punição’. (Brasil Seikyo, edição no 1.261, 19 de fevereiro de 1994, pág. 4.)

No escrito “Resposta ao Lorde Matsuno”, Daishonin nos ensina que mesmo que abracemos o Gohonzon, se nossas ações estiverem voltadas contra o espírito fundamental do Sutra de Lótus haverá, sim, diferença nos resultados da recitação do Daimoku, isto é, nossos benefícios serão obstruídos. O significado de opor-se ao espírito do Sutra de Lótus refere-se especificamente aos quatorze tipos de calúnias.

Portanto, este princípio nos ensina que para desfrutarmos de todos os imensuráveis e ilimitados benefícios contidos no Gohonzon devemos nos aplicar continuamente ao aprimoramento de nossa fé em meio às atividades da SGI sempre prezando e respeitando nossos companheiros que também abraçaram e recitam o Daimoku diante do Gohonzon.

Fontes:  As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, págs. 374–375.  Grande Dicionário de Filosofia Budista (em japonês).



Fontes: - As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, págs. 374–375. - Brasil Seikyo, edição no 1.589, 21 de janeiro de 2001, pág. A2.

Um comentário:

Anônimo disse...

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