"Quando sua determinação muda, tudo o mais começa a se mover

em direção ao seu desejo".

2 de jan. de 2009

ORAR É ABRIR O CORAÇÃO

Orar é abrir o coração
Por Alexis Trass - Editora Associada

O ato de orar origina-se no desejo básico do ser humano de levar vidas felizes e plenas e de morrer de maneira tranqüila.
A oração busca abrir os corações e mentes para algo, mas, o quê é esse “algo”?; varia de acordo com as diferentes crenças a respeito de a quem ou quê a pessoa ora. Por exemplo, o animismo concebe cada rocha, árvore, montanha, etc., como possuidores de um espírito, o qual pode ser contatado através da oração ou outros rituais religiosos.
Na sua maioria, os deístas consideram a oração improdutiva, e vêm seu propósito como uma forma de organizar os pensamentos.
Algumas pessoas pensam que Deus é um ser remoto e distante a quem só se pode aceder através de intermediários, tais como membros do clero ou santos.
Outros acreditam que Deus encontra-se no corpo de cada indivíduo e não vêm a fé como um ato religioso; e sim como uma relação pessoal com Deus. Uma crença bastante difundida, que vincula os crentes de diferentes religiões teístas ao redor do mundo, é aquela de que uma ou mais deidades existem como pessoas vivas, que podem ser contatadas mediante a oração.
Não importa a que credo religioso uma pessoa possa aderir, a oração tem demonstrado produzir um estado de calma e serenidade, um senso de pertencer, e sentimentos de amor que podem ser benéficos à saúde física e mental da pessoa e ao seu bem-estar espiritual. Por exemplo, investigadores do Centro Médico da Universidade Duke realizaram estudos relativos à taxa de sobrevivência de adultos de idade avançada. Eles encontraram que os adultos de maior idade que participavam de atividades privadas religiosas tais como estudos bíblicos, oração, ou meditação “apresentavam uma vantagem quanto à sobrevivência em relação com aqueles que não tinham este tipo de atividades”.
Há paralelos entre elementos do Budismo Nitiren e a oração cristã. Entre aquelas coisas que com maior freqüência preocupam às pessoas, e pelas quais oram, estão os assuntos relacionados com saúde e doença. Tanto as cartas de Nitiren Daishonin como a Bíblia referem-se ao tema de sobrepor-se às enfermidades. Em sua carta “A transformação do carma determinado”, Daishonin escreve: “Para as mulheres mudarem seus carmas determinados praticando o Sutra de Lótus é tão natural como o arroz amadurecendo no outono ou o crisântemo florescendo no inverno.
Quando eu, Nitiren, orei por minha mãe, não somente sua doença foi curada, mas ela foi capaz de viver por quatro anos mais. A senhora também é mulher e agora caiu doente; portanto, é a época para a senhora basear sua fé no Sutra de Lótus e aprender que benefícios este lhe trará”. (Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, pág. 218).
A Bíblia relata a história de um dos reis de Judéia, o Rei Ezequias, que adoeceu gravemente e estava a ponto de morrer. Orou para Deus por ajuda e Deus escutou suas preces, viu suas lágrimas e decidiu prolongar-lhe a vida por mais quinze anos. (Isaías 38:1-5, New Revised Standard Version). Deus o curou através do uso de medicina, fazendo que Ezequias aplicasse um emplasto de figos à chaga que estava ameaçando sua vida (Isaías 38:21, NRSV).
Outros paralelos podem estabelecer-se. Os cristãos vêm a oração como aquilo que é capaz de trazer para uma situação determinada o poder de um Deus universal. Os budistas acessam o poder da Lei Mística Universal. Os cristãos oram para obter força para combater o mal; os budistas oram por paz e serenidade durante tempos difíceis e para conseguir a solução aos problemas da vida. Da mesma maneira, poderíamos ter em mente pensamentos, desejos e preocupações na medida que oramos.
Há, porém, diferenças fundamentais entre as orações dos cristãos e as orações no Budismo Nitiren. Tomemos o exemplo antes citado sobre doença. Daishonin explica à monja leiga Toki – a receptora da carta “A transformação do carma determinado” – que ela pode mudar seu destino praticando o budismo, e explica que o curso de sua vida não é dirigido por uma divindade ou força externa, mas unicamente pela própria Toki. Sua capacidade para sobrepor-se à doença depende de sua luta e de sua fé.
No outro caso, o Rei Ezequias não tinha a opção de escolher se seria curado ou não. Ele tinha que suplicar-lhe e lembrar-lhe a Deus que tinha se mantido na senda correta da vida. Foi só quando Deus viu suas lágrimas que o rei foi sanado.
A oração cristã é direcionada para fora, no sentido de que os cristãos oram a Deus, seja para louvá-lo, agradecer-lhe ou suplicar sua graça. Louvar a Deus significa alegrar-se na perfeição divina e, portanto, glorificar a Deus. “Eu te louvarei, Senhor, de todo meu coração; em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, Oh Altíssimo” (Salmos 9:1-2 NRSV). Mostrar gratidão é o melhor meio para obter novas benções de Deus. “Em todas as circunstâncias, dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus” (Tessalonicenses 5:18, NRSV). Finalmente, a forma de receber a graça de Deus é pedi-la. “Por isso, eu vos digo: Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei à porta e ela vos será aberta” (Lucas 11:9, NRSV).
A oração cristã tem o objetivo de reconhecer o poder e a bondade de Deus. Deus é quem dá tudo aquilo que é bom, os fiéis devem demonstrar seu espírito de súplica, a fim de tornar-se merecedores das dádivas de Deus. A oração é um ato que implica suprema reverência a Deus, o que faz que os fiéis recorram a Deus para todas as coisas porque desejam que sua oração seja respondida como uma dádiva. As pessoas devem humilhar-se perante Deus com o sincero reconhecimento de suas fraquezas humanas e falta de méritos.
Jesus relata a parábola de dois homens que vão orar ao templo; um é um fariseu e o outro é um arrecadador de impostos. O fariseu dá graças a Deus por ele ser um homem justo, não é um extorsionário, ou um adúltero, e particularmente, agradece pelo fato de não ser um arrecadador de impostos. Ele procede a enumerar suas virtudes. O arrecadador de impostos, por outro lado, admite ser um pecador e implora a misericórdia de Deus. Jesus diz, então: “Porque quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Lucas 18:9-14, NRSV).
A oração budista é direcionada para o interior. Recitar Nam-myoho-rengue-kyo não equivale a pedir soluções através da intervenção de forças externas. Em vez disso, é um meio para fazer acúmulo dos recursos próprios de nosso interior, a fim de enfrentar a vida. É um ato mediante o qual louvamos nosso estado de Buda, ou estado de iluminação, e fazemos surgí-lo de dentro de nossas vidas. Em vez de implorar ou desejar, as pessoas oram com forte determinação de forma que elas mesmas possam solucionar seus problemas, fazer seus sonhos realidade e concretizar sua missão como Bodhisattvas da Terra.
Quando os budistas Nitiren oram, é para buscar assistência dentro de seus próprios recursos espirituais – sua budicidade inerente, a qual é parte e idêntica com a natureza de buda que existe no cosmos e em todas as coisas. O budismo vê às pessoas como detentoras do poder para transformar suas vidas; não existe uma força ou deidade que concede desejos baseada no “bom” ou “mal” comportamento. A oração budista é otimista e efetiva, não importa que “falhas ou faltas” possua uma pessoa no momento de orar. Numa de suas muitas cartas, Nitiren Daishonin cita uma passagem de Palavras e frases do Sutra de Lótus: “Por ser a Lei suprema, a Pessoa é digna de respeito. Como a Pessoa é digna de respeito, a terra é sagrada”. (Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. III, pág. 290).
Os budistas Nitiren são incentivados a olhar dentro de si à procura das soluções aos problemas da vida. Daishonin afirma, igualmente, “Contudo, mesmo que recite e conserve o Nam-myoho-rengue-kyo, se pensa que o estado de Buda existe fora do seu coração, isto já não é mais Lei Mística; é um ensino contrário a ela”. (Sobre atingir o estado de Buda”, Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, pág. 107). Os Budistas Nitiren dependem do poder de suas próprias vidas. A Lei Mística existe também em todas as coisas, a oração acessa não só o poder do indivíduo, como também o poder do universo inteiro.
Seja qual for a maneira que as pessoas escolham orar, o assunto importante é que suas orações tragam às suas vidas tranqüilidade e paz. A oração, seja dirigida a Deus ou ao Gohonzon, traz consigo oportunidades para compartilhar aquilo que reside no coração das pessoas. No Budismo Nitiren o que importa primordialmente é desenvolver um estado de felicidade que não possa ser destruído pelas cambiantes circunstâncias de nosso meio ambiente. O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Ikeda, cita Nitiren Daishonin: “Não há maior felicidade para os seres humanos que orar o Nam-myoho-rengue-kyo” (A felicidade neste mundo”, Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. III, pág. 199) e explica, “Enquanto o senhor mantiver uma fé firme, e recite o daimoku de forma determinada ao Gohonzon, não importa o que aconteça, certamente o senhor será capaz de levar uma vida repleta de plenitude”.
(My dear friends in America, p. 92).
Junho de 2004, Living Buddhism
Tradução: Ariel Ricci ahricci@gmail.com
Revisão: Marly Contesini mcontesini@estadao.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

bem começei a praticar a pouco tempo mais ja estou mto bem.Estou gostando mto pois e uma ótima religião estou adorandoooo