Em nosso coração está a causa dos sofrimentos e também a solução dos problemas. Precisamos orar sinceramente para termos sabedoria. É por meio da sabedoria que encontramos a solução para as nossas dificuldades.
O coração é a chave de tudo. Tudo depende da condição em que o coração se encontra. “O que importa é o coração” — uma famosa passagem dita por Nitiren Daishonin. “Quando nosso coração arde com o espírito de ‘empenhar-se com coragem e vigor’, brota uma vitalidade imutável e imortal. ‘Com coragem e vigor’ significa uma imensa coragem. ‘Empenhar-se’ tem dois significados: puro, no sentido de imaculado; e incessante, no sentido de atividade contínua e avanço invariável. Daishonin diz: ‘O Nam-myoho-rengue-kyo é a prática de se empenhar’’’.
Certa vez, Mahatma Gandhi perguntou: Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas? Um dos discípulos respondeu: porque perdemos a calma. Mas, por que gritar se a outra pessoa está ao seu lado? — questionou. Outro discípulo retrucou: gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça. Então, não pode ser dito em voz baixa? Em meio às várias respostas, Gandhi esclarece: quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. E, para cobrir essa distância, precisam gritar para se escutarem. Quanto mais aborrecidas, mais forte gritarão para ouvir um ao outro e cobrir a distância que separam. Por outro lado, quando duas pessoas estão enamoradas, não gritam; falam suavemente e até sussurram. E conclui: quando discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.
No exercício da prática budista aprendemos a importância de acumular o “tesouro do coração”. São tesouros construídos internamente e são os mais valiosos. Se os “tesouros do cofre e do corpo” impedirem a conquista do tesouro do coração, os mesmos deixarão de ser tesouros; tornar-se-ão venenos. O tesouro do coração exposto no budismo se refere a um vasto estado de vida, repleto de boa sorte, vigorosa energia vital, sabedoria inextinguível e profundo calor humano. Quando acumulamos o tesouro do coração, o tesouro do corpo e o tesouro do cofre naturalmente irão se suceder. O coração tem razões que a razão desconhece, eis a conclusão do filósofo Pascal.
Os milhares de pensamentos
Nitiren Daishonin afirma que uma pessoa experimenta 804 mil pensamentos em um único dia.1 É realmente um número fenomenal! Nessa constante mudança, quantos de nossos pensamentos são positivos e negativos? Quantos estão voltados ao Gohonzon, à SGI e ao Kossen-rufu? E quantas ações executamos ou deixamos de fazer? O resultado de tudo isso é o que define nossa condição de vida.
Os pensamentos conduzem às palavras; as palavras conduzem às ações e as ações moldam o caráter e formam o destino. Daishonin afirma: “Uma pessoa expressa-se em palavras em duas ocasiões: em uma, para expressar sua descrença às outras pessoas com o propósito de enganá-las. Nesse caso, a voz dessa pessoa ‘está de acordo com a mente das outras pessoas’. Em outra ocasião, para revelar o que realmente pensa. Portanto, a voz expressa os pensamentos. A mente representa o aspecto espiritual, e a voz, o aspecto físico. O aspecto espiritual manifesta-se no aspecto físico. Uma pessoa pode compreender a mente de outra pela voz. Isso ocorre porque o aspecto físico revela o aspecto espiritual. Os aspectos físico e espiritual, que são unos em essência, manifestam-se como dois aspectos distintos. É por essa razão que a mente do Buda encontrou expressão nas palavras escritas do Sutra de Lótus. Essas palavras escritas são a mente do Buda sob uma forma diferente. Por essa razão, aqueles que lêem o Sutra de Lótus não devem considerá-lo como um sutra que consiste de meras palavras, pois as palavras desse sutra são a própria mente do Buda”.2
Então, qual é a voz do seu pensamento? Os estudiosos da comunicação intrapessoal (diálogo interior, da pessoa consigo mesma), afirmam que um pensamento gera no cérebro um sentimento que, por sua vez, gera um comportamento, e que o ciclo funciona no sentido oposto, isto é, o comportamento gera sentimentos que, por sua vez, geram pensamentos. Pensamentos pessimistas produzem resultados negativos, pensamentos otimistas geram força e esperança.
A nossa voz deve realizar o trabalho do Buda. Nam-myoho-rengue-kyo é sabedoria; é a prática ininterrupta do auto-aprimoramento; é o som que gera a harmonia e a sintonia com a Lei do Universo. O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, ensina: “Nossa voz recitando vibrante Daimoku ativará as funções positivas do Universo, movimentando-as para que nos protejam rigorosamente”.
Por que as pessoas gritam?
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1885, PÁG. A2, 31 DE MARÇO DE 2007.
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